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Descoberto o ingrediente secreto do inquebrável cimento dos antigos romanos

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James Cocks / wikimedia

Ruínas de banhos romanos resistiram no tempo graças ao cimento único e altamente resistente.

Ruínas de banhos romanos resistiram no tempo graças ao cimento único e altamente resistente.

A extraordinária longevidade de algumas construções dos antigos romanos, erguidas junto ao mar, surpreendeu durante séculos geólogos e engenheiros. Até que, finalmente, se descobriu o ingrediente secreto que explica a incrível resistência do cimento dos romanos.

Uma equipa de investigadores americanos acredita ter descoberto o que é que explica o segredo desse cimento que resistiu, nalguns casos, mais de dois mil anos, enquanto algumas construções modernas, com paredes de cimento incrustadas de aço desmoronam em tão somente algumas décadas, fruto da contínua agressão das ondas do mar.

Os romanos usavam cal viva e materiais vulcânicos para fazer esse cimento altamente resistente. E o que lhe concedia a alta durabilidade era, precisamente, o contacto com o sal do mar que levava ao crescimento de bloqueios minerais que tornavam o cimento praticamente impenetrável.

A reacção do cimento actual com a água do mar faz com que este comece a deteriorar-se.

Estamos, por isso, “a falar de um sistema que é contrário a tudo o que se desejaria no betão à base de cimento” e que “prospera nas trocas químicas abertas com a água do mar”, explica a professora Marie Jackson, investigadora de geologia e geofísica da Universidade do Utah, que liderou a pesquisa, em declarações ao The Telegraph.

Na investigação, publicada na revista American Mineralogist, Jackson e a sua equipa explicam que recorreram a tecnologias avançadas para analisar a composição da estrutura de dois portos romanos construídos entre o século I a.C. e o século I d.C.

Foi assim que concluíram que os romanos misturavam cinzas vulcânicas com cal viva e água do mar para fazer uma argamassa a que depois juntavam pedaços de rochas vulcânicas.

Esta combinação produzia uma reacção química que desencadeava a formação de cristais nos buracos da mistura, o que tornava o cimento mais resistente e menos vulnerável a fracturas.

Os cientistas notam que este tipo de reacção ocorre na natureza, em zonas vulcânicas, e vaticinam que terá sido aí que os romanos se inspiraram.

Esta descoberta pode ajudar os engenheiros modernos a desenvolverem um novo tipo de cimento mais durável e mais amigo do ambiente, nomeadamente levando a uma redução significativa dos níveis do aquecimento global.

É que o cimento actual é fabricado com calcários e argilas aquecidas a mais de 1.500 graus centígrados, o que contrasta com o processo a frio usado pelos romanos.

Mas, até agora, todas as tentativas de recriação do cimento romano falharam.

“Os romanos tiveram sorte no tipo de rocha que tinham para trabalhar”, explica Jackson ao jornal britânico, referindo que, hoje em dia, não existem as mesmas rochas em muitos locais do mundo e que, provavelmente, é preciso fazer “substituições” nos ingredientes para chegar à fórmula perfeita.

SV, ZAP //

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11 Comments

  1. Em português de Portugal não se usa a designação “…CONCRETO à base de cimento”, um anglicismo adoptado no Brasil para designar o material BETÃO.

  2. Não sou um saudosista, mas acho que devemos olhar para o passado e perceber que algumas coisas que foram feitas foram realmente incríveis, mesmo para os padrões modernos! Infelizes os ignorantes que desdenham e/ou desconhecem a história! Sobretudo quando muitos países são governados por esses ignorantes!

      • A principal razão foi a disseminação do cristianismo que levou grande parte do Mundo civilizado da época á chamada Idade das Trevas que se estendeu do fim do Império Romano até sensivelmente ao século XV. Foi uma época de fundamentalismo religioso, de destruição de bibliotecas (onde grande parte do “saber” estava arquivado), de perseguição a todo e qualquer pensamento cientifico e inovador que fugisse aos cânones dogmáticos da Santa Madre Igreja. Também o “saber” que vinha de trás foi considerado herético e obliterado por ordem de Bispos e Papas.

        • Olhe que não, olhe que não.
          O que motivou a queda do império romano, que na grande maioria já era Cristão e a posterior entrada na “idade das Trevas”, foram as invasões Bárbaras.
          Foi o seu Che que perseguiu e assassinou todo e qualquer pensamento cientifico e inovador que fugisse aos cânones dogmáticos da Santa Mãe URSS. Também o “saber” que vinha de trás foi considerado herético e obliterado por ordem dos membros do Comité Central. Leia o “Livro Negro do Comunismo”, entre muitos outros exemplos…

        • Outro que chama Idade das Trevas à época em que nasceram as Universidades – com o aparecimento das primeiras em 1150 – e um dos momentos em que mais se desenvolveu o estudo dos antigos! Foi precisamente e por paradoxal que lhe pareça, o cristianismo a ser o principal catalisador de um momento fabuloso na História Europeia e da Humanidade e que permitiu catapultar para a grande epopeia dos Descobrimentos e o Renascimento da Idade Moderna! É mentira que se destruíram bibliotecas, uma mentira enorme e bastante divulgada, pelo contrário, procurava-se preencher as bibliotecas procuravam-se textos antigos e compravam-se mesmo aos infiéis que tinham ocupado terra cristã e aonde estavam localizadas grandes bibliotecas que se perderam para a cristandade com a ocupação muçulmana! Mas houve preservação e o cuidado de os procurar ao contrário do que os ignorantes dizem! Os livros na sua maioria eram estudados! As bibliotecas que dizem ter sido destruídas sim durante a Revolução Francesa e com as suas invasões, como a da enorme Abadia de Cluny, a de Dresden com os bombardeamentos dos aliados na Segunda Guerra Mundial e a de Monte Cassino no ataque aliado a este mosteiro para desalojar as tropas alemãs que ali resistiam aos aliados! Foram as mais importantes Bibliotecas destruídas na Europa a par da do Mosteiro da Alcobaça, quando D. Pedro IV, numa resolução estúpida, resolveu nacionalizar esse mosteiro. O povo pensando que era tudo dele assaltou o Mosteiro e roubou tudo o que podia roubar até as panelas! Ainda no século XX, as peixeiras vendiam peixe envolvido em folhas de livros do Mosteiro de Alcobaça!!! Tal era a riqueza da biblioteca desse Histórico Mosteiro aonde se iniciaram os primeiros Altos Estudos em Portugal, ainda antes de haver Universidade em Portugal, aposto que Nunca deve ter pensado nisso! Isto aconteceu em plena Idade Média, a tal que você chama de idade das trevas, uma expressão anglo-saxónica que revela apenas muita, mas mesmo muita ignorância! Só mais uma nota final, após a dissolução do Império Romano, não caiu, desmantelou-se por desleixo incúria e rivalidades, mantiveram os estudos os que acederam aos estudos continuavam a estudar conforme o método romano, a que chamaram o trivium com gramática latina, lógica e retórica e o quadrivuim com o aritmética, geometria, música e astronomia, até que as Universidades acrescentaram mais graus ao ensino. Investigue um pouco antes de dizer asneiras. Olhe que quem proibiu muito conhecimento foram os seus amigos no século XX, que após a Revolução de 1917, entenderam que cabia aos comités centrais decidir o que se devia estudar ou não! Não foi isso há 800 ou 1.000 foi apenas há 100.

  3. Heheheh, fala-se na Santa Madre Igreja e os beatos ficam logo todos eriçados; “chill out people” não praguejem que ainda perdem o paraíso. Já agora, quando estiverem “do outro lado”, na contemplação eterna do pai, se virem por lá o Giordano Bruno, o Galileu, entre muitos outros, aproveitem para por este assunto á discussão.

    • Vai estudar, ó Relvas!
      Levaste uma abada e depois fizeste uma fuga para a frente.
      Da história universal percebes tanto como o teu homónimo.
      Ainda por cima não distingues questões de fé de questões científicas.
      Também deves julgar que “a igualdade, a liberdade e a fraternidade” nasceram numa qualquer civilização de tribos ameríndias…
      Sabes de onde vem o Direito que te permite dizeres essas asneiras sem qualquer problema, para além da óbvia vergonha pública?
      Vai ler algum livrito que tenha escapado à revolução Cultural do Mao.

  4. “Mea Culpa”, provávelmente fui iludido pela maligna influência do capeta e não fui iluminado, como aqui parece acontecer a alguns, pela sapiência divina heheheh. Toda a gente sabe que a Revolução Francesa (donde vem a tal “Liberdade, Igualdade, Fraternidade) e a sua filha mais nova, A Comuna de Paris, foram feitas com o apaulso efusiante de padres, bispos e cardeais, jacobinos desde sempre. Estiveram inclusive com Robespierre, como bons camaradas, na proclamação da Republica Francesa e na leitura da primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Combateram nas barricadas ao lado dos “Sans Culotte” e arengaram pela dissolução dos privilégios e da monarquia, pela escola publica universal e livre de instrumentalismos religiosos , pela laicidade do Estado, pelos direitos das mulheres e pelo desmantelamento e confisco das poderosas ordens monásticas / religiosas. O próprio Papa foi “visitado” por Napoleão, que, concerteza preocupado com o peso em cima dos ombros do santo padre, lhe disse: ó amigo, a partir de agora trate apenas das questões da fé, pois das questões de soberania temporal e secular nós, os Homens, vamos cuidar delas.
    De facto a modernidade não nasceu em nenhuma tribo ameríndia, mas também não floriu garantidamente nas sacristias bafientas nem na opulência vergonhosa e decadente de catedrais e Vaticanos.

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