Troels Pank Arboll, investigador da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, estava a estudar tratamentos médicos antigos numa mesa cuneiforme com 2.700 anos do antigo Iraque, quando descobriu acidentalmente um desenho parcialmente danificado.
Análises posteriores indicaram que se tratava de uma representação do demónio que, segundo a crença dos antigos assírios, era responsável por provocar a doença de Bennu, que os descreve os sintomas típicos da epilepsia. Hoje, é uma condição conhecida e caracterizada por convulsões. Mas, na Antiga Assíria, um dos primeiros impérios do mundo, a doença era provocada por um demónio – e foi esse demónio que foi encontrado pelo investigador da Universidade de Copenhaga.
“Sabemos há muito tempo que os assírios e babilónios consideravam as doenças fenómenos causados por deuses, demónios ou bruxaria. E os curandeiros eram responsáveis por expulsar estas forças sobrenaturais com medicamentos, rituais ou encantamentos. Porém, esta é a primeira vez que conseguimos conectar uma das muito raras ilustrações de demónios nos textos médicos com a epilepsia”, explicou Troels Pank Arboll, em comunicado.
De acordo com Arboll, encontrar desenhos que ilustrem poderes sobrenaturais em tábuas com tratamentos médicos e mágicos é muito raro. Geralmente, são representadas figuras utilizadas pelos curandeiros nos seus rituais. No entanto, nesta ocasião, trata-se de um demónio com com cauda, chifres e língua de cobra.
“A figura tem aproximadamente 6,4 centímetros de altura e 2,6 centímetros de largura e é claramente antropomórfica. A cabeça tem orelhas e chifres curvos, a língua de uma serpente e, possivelmente, um olho de réptil. O pescoço é longo e, em geral, o ser parece estar coberto de escamas ou cabelos mal preservados. Infelizmente, a maioria do torso é fragmentária”, escreveu Arbøll. “A mão esquerda parece uma garra ou pata e a mão direita é irregular com o polegar pontudo. A criatura tem uma cauda longa colocada ao lado da perna esquerda e essa perna parece ter músculos discerníveis”.
Em declarações ao ScienceNordic, Arboll disse que “as fontes fornecem uma visão única da forma como um médico assírio foi treinado na arte de diagnosticar e tratar doenças e as suas causas. É uma visão de alguns dos primeiros exemplos do que podemos descrever como ciência“.
A doença de Bennu era temida no antigo Iraque. Os textos antigos que descrevem a doença enumeram sintomas como convulsões e perda de consciência ou sanidade, que em alguns casos faziam com que os pacientes “chorassem como uma cabra”.
Acredita-se que a tábua tenha sido escrita por um médico antigo chamado Kisir-Ashur no final do século VII a.C. O texto estudado por Arboll é escrito em argila em acádico, uma língua semítica extinta, usando escrita cuneiforme, onde os sinais representam palavras inteiras e sons, num sistema que se assemelha aos hieróglifos egípcios.
Na tábua também estão descritas outras doenças psicológicas, bem como informações sobre remédios de ervas e venenos. Porém, as outras doenças não estão ligadas à possessão demoníaca. Por essa razão, Arboll acredita que a descrição é sobre Bennu, o demónio da epilepsia.
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Caro leitor,
Estarão de volta no dia 6.
Obrigado! Presente dos Reis? 😉
Boa tarde caro/a Zbraitlin! Também lhe respondi num artigo da Isabel dos Santos e não aparece! Feliz Ano Novo! 🙂
Obrigado, Maria João! Retribuo os seus votos de um ano novo feliz e desejo o mesmo a todos os leitores e autores do ZAP!
Caro ZAP, muito obrigada também e Feliz Ano Novo p/toda a equipa! 🙂