Exploradores amadores descobriram uma surpreendente rede de cavernas e de túneis, escondida por baixo da cidade de Montreal, que foi criada quando os tigres-dentes-de-sabre e os mamutes ainda andavam por cá, na Idade do Gelo.
A descoberta foi feita recentemente pelos exploradores amadores Luc Le Blanc e Daniel Caron que, após anos de tentativas (e também de alguns erros), encontraram estas formações de mais de 15 mil anos, constituídas durante o último período glaciar.
Este sistema de cavernas, que se escondia sob Montreal, está ligado à conhecida caverna de Saint-Léonard. A passagem tem cerca de 200 metros e 6 metros de profundidade e, em algumas zonas, é preciso usar um barco para fazer a travessia nas estruturas.
Uma busca de muitos anos
Durante anos, os membros da Sociedade Espeleológica do Quebeque, no Canadá, especularam sobre a existência de outro conjunto de grutas ligado à caverna de Saint-Léonard, que fica próxima do parque Pius 12, na região de Saint-Léonard, em Montreal. Mas não sabiam exactamente onde a procurar, conforme relata a BBC.
Em 2014, os dois exploradores começaram a ter uma ideia mais clara, quando um pêndulo de aplicações de radioestesia – uma barra de madeira que costuma ser usada para encontrar água subterrânea – apontou para uma pequena fissura no chão. Era algo demasiado pequeno para ser explorado, mas alimentou a esperança dos dois exploradores.
Até que, em 2015, os exploradores colocaram uma câmara no pêndulo e conseguiram as primeiras imagens do interior da caverna. “Era possível ver que havia algo, que havia mais cavernas para além daquela fissura”, conta Le Blanc.
Mas seria preciso esperar mais dois anos até que os exploradores encontrassem uma parte do solo que fosse suficientemente macia para ser escavada.
Como no caso da Caverna de Saint-Léonard, as movimentações de placas tectónicas criaram essas formações durante o último período glaciar, devido à pressão do gelo superior à estrutura. O peso do gelo enfraqueceu o túnel de pedra calcária da passagem e Le Blanc e Caron conseguiram, assim, atravessá-la.
A partir daí, a aventura dos dois exploradores prosseguiu, até que os dois exploradores conseguiram cruzar uma parede de rocha, deparando-se com o aquífero. Mais adiante, o tecto era tão baixo e a água tão profunda que tiveram que dar meia-volta para depois voltar com um barco insuflável que lhes permitisse prosseguir.
“Descoberta gigante”
Até agora, foram explorados 150 metros da passagem subterrânea, o que implicou fazer uma grande pesquisa na cidade para ter a certeza de que não havia casas à superfície que pudessem ser afectadas pelas suas escavações na caverna.
Agora, Luc Le Blanc e Daniel Caron estão à espera que o Inverno chegue, pois, nesta época, o nível da água deverá baixar, o que permitirá explorar o resto das cavernas. Os dois exploradores acreditam que devem prosseguir por, pelo menos, mais 50 metros.
“Ainda temos bastante para explorar”, diz Luc Le Blanc, reforçando que esta “é uma descoberta gigante, daquelas que só se fazem uma vez na vida“.
ZAP // BBC