Descoberta surpreendente: a “Estrela da Morte” de Saturno é um “mundo oceânico furtivo”

NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute

A lua mais pequena e interior de Saturno — conhecida por se assemelhar à “Estrela da Morte” da saga Star Wars — podia gerar a quantidade certa de calor para suportar um oceano interno líquido.

Quando uma cientista do SwRI (Southwest Research Institute) descobriu evidências surpreendentes de que a lua mais pequena e interior de Saturno podia gerar a quantidade certa de calor para suportar um oceano interno líquido, os colegas começaram a estudar a superfície de Mimas para compreender como o seu interior pode ter evoluído.

Simulações numéricas da bacia de impacto Herschel da lua, a característica mais marcante na sua superfície fortemente craterada, determinaram que a estrutura da bacia e a ausência de placas tectónicas em Mimas são compatíveis com uma concha gelada e um oceano geologicamente jovem.

“Nos dias finais da missão Cassini em Saturno, a sonda identificou uma curiosa libração, ou oscilação, na rotação de Mimas, que frequentemente aponta para um corpo geologicamente ativo capaz de suportar um oceano interno”, disse a Dra. Alyssa Rhoden do SwRI, especialista em geofísica de satélites gelados.

Rhoden é a segunda autora de um novo trabalho publicado na revista Geophysical Research Letters sobre o assunto.

“Mimas parecia ser um candidato improvável, com a sua superfície gelada e fortemente craterada marcada por uma cratera de impacto gigante que faz com que a pequena lua se pareça muita com a ‘Estrela da Morte’ da saga ‘Guerra das Estrelas'”, diz a investigadora.

“Se Mimas tem um oceano, representa uma nova classe de pequenos mundos oceânicos ‘furtivos’ com superfícies que não traem a existência do oceano”, acrescenta.

Rhoden trabalhou com a estudante Adeene Denton para melhor compreender como uma lua fortemente craterada como Mimas poderia possuir um oceano interno. Denton modelou a formação da bacia de impacto Herschel usando o software de simulação iSALE-2D.

Os modelos mostraram que a concha gelada de Mimas tinha de ter pelo menos 55 km de espessura na altura do impacto que formou Herschel.

Em contraste, as observações de Mimas e os modelos do seu aquecimento interno limitam a espessura atual da concha gelada a menos de 30 km, se atualmente albergar um oceano.

NASA/JPL/SSI/SwRI

Imagem de Mimas (esquerda) e dois modelos do interior do satélite (direita).

Estes resultados implicam que um oceano atual dentro de Mimas deve ter estado a aquecer e a expandir-se desde que a bacia se formou.

Também é possível que Mimas estivesse totalmente congelada, tanto na altura do impacto que formou Herschel como atualmente.

Contudo, Denton descobriu que a inclusão de um oceano interior em modelos de impacto ajudou a produzir a forma da bacia.

“Descobrimos que Herschel não pode ter sido formada numa concha gelada à espessura atual sem obliterá-la no local de impacto” disse Denton, que é agora investigadora pós-doutorada na Universidade do Arizona. “

Se Mimas tem hoje um oceano, a concha de gelo tem vindo a ficar menos espessa desde a formação de Herschel, o que também poderia explicar a ausência de fraturas em Mimas.

Se Mimas é um mundo oceânico emergente, isso coloca importantes restrições à formação, evolução e habitabilidade de todas as luas de tamanho médio de Saturno”.

“Embora os nossos resultados apoiem um oceano atual dentro de Mimas, é um desafio reconciliar as características orbitais e geológicas da lua com a nossa compreensão atual da sua evolução termo-orbital”, disse Rhoden.

“Avaliar o estatuto de Mimas como lua oceânica seria uma referência para os modelos da sua formação e evolução”, diz a investigadora.

“Isto ajudar-nos-ia a compreender melhor os anéis de Saturno e as luas de tamanho médio, bem como a prevalência de luas oceânicas potencialmente habitáveis, particularmente em Úrano. Mimas é um alvo atraente para uma investigação contínua”, conclui.

// CCVAlg

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