Nas meias-finais de uma prova de atletismo, uma lesão. Muitos atletas teriam desistido, mas Derek não – e o pai ajudou.
Quincy Watts, Steve Lewis e Samson Kitur ficaram com as medalhas nos 400 metros masculinos (atletismo) dos Jogos Olímpicos Barcelona 1992.
Mas quem é que se lembra disso?
EUA ficaram com outro e prata, Quénia com bronze, mas o maior aplauso desta prova não foi para nenhum dos atletas mencionados. Nem sequer foi na final.
O protagonista desta recordação é Derek Redmond, que não passou das meias-finais mas que se transformou num herói para os adeptos espanhóis. Ainda hoje haverá milhões de pessoas a lembrar-se deste momento.
O inglês tinha sido o mais rápido na primeira eliminatória, venceu a sua série nos quartos-de-final e era um dos favoritos para estar no pódio final.
Mas na primeira meia-final, só correu 15 segundos: sofreu um “esticão” no músculo, lesionou-se num tendão da coxa direita. Rompeu o músculo.
Outro atleta teria ficado no chão, ou teria saído desolado da pista, a coxear. Derek não.
O atleta da Grã-Bretanha ainda ficou uns segundos ajoelhado, ia receber tratamento médico, mas de repente levantou-se e foi até à meta apenas apoiado no pé esquerdo.
Uma imagem de sofrimento evidente, que se transformou em lágrimas e desespero quando chegou… o seu pai.
Os seguranças, a organização dos Jogos Olímpicos, ainda tentaram impedir a chegada de Jim Redmond – que reagiu furioso perante uns organizadores e mandou-o embora! – mas pai que é pai vai a correr para junto do filho. Literalmente, neste caso. Saltou da bancada para a pista, fugiu aos seguranças a apoiou o atleta até ao fim.
Derek Redmond quase parou, abraçou-se ao pai a chorar muito, inconsolável.
Chegou mesmo à meta. Sem tempo oficial, porque foi ajudado na pista.
Mas aplaudido de pé no estádio por milhares (o pai agradeceu ao cruzar a linha de meta), aplaudido lá em casa por milhões.
Foi um dos momentos mais marcantes de sempre nos Jogos Olímpicos.
20 anos depois, o pai Jim Redmond foi uma das pessoas que transportaram a chama olímpica em Londres 2012.
Derek Redmond deixou o atletismo. Um cirurgião avisou-o que nunca mais poderia correr.
No atletismo nunca mais – mas Derek, que não desiste, passou a jogar basquetebol, tornou-se profissional da modalidade e representou mesmo a selecção nacional de Inglaterra de basquetebol.