O Governo de Cuba vai começar a vender, a partir desta terça-feira, dólares norte-americanos e outras moedas estrangeiras de forma limitada no mercado financeiro oficial, o que não acontecia desde 2004.
A medida, um passo inicial na possível implementação de um mercado de câmbios livre no país, foi anunciada, na segunda-feira, pelo ministro da Economia e Planejamento, Alejandro Gil, na televisão pública cubana, noticiou a agência Lusa.
A taxa de câmbio será de 120 pesos convertíveis (cinco euros) por dólar, taxa semelhante à do mercado informal e da incipiente compra pelo Estado. A operação terá uma margem comercial entre 3% e 6%.
Desde o início de agosto que o Governo cubano tem vindo a comprar moeda estrangeira a esta nova taxa de câmbio. Até então, a taxa oficial era de 24 pesos convertíveis (um euro) por dólar, uma taxa que ainda é mantida para empresas e agências estatais.
O ministro explicou que a intenção do Governo é “continuar a avançar na construção do sistema cambial” e retomar “o controlo” do mercado financeiro.
As operações de venda de divisas serão realizadas em 37 casas de câmbio oficiais, inicialmente apenas em numerário e para indivíduos, explicou a líder do Banco Central de Cuba, Marta Sabina Wilson.
O limite inicial por pessoa e por dia será de 100 dólares (100,6 euros) ou o valor equivalente numa outra moeda estrangeira. Wilson ressaltou que o mercado de câmbio também tem “outro limite”, já que as vendas do Estado vão depender de compras anteriores.
Numa segunda fase, a população poderá também adquirir moeda estrangeira nos bancos e através de contas bancárias, estando ainda previsto um alargamento do número de pontos de troca.
Alejandro Gil afirmou que o Estado pretende receber mais divisas estrangeiras, que serão utilizadas para financiar importações.
Cuba importa 80% dos bens de que necessita, segundo as Nações Unidas, e o atual problema de escassez de bens essenciais deve-se, em parte, à escassez de moeda. A ilha atravessa uma profunda crise económica, com falta de alimentos e medicamentos, uma forte inflação e frequentes cortes de energia.
Os apagões suscitaram protestos nas últimas semanas, em diferentes locais do país, reproduzidos em vídeos distribuídos nas redes sociais. O mais recente aconteceu em 01 agosto em Santiago de Cuba, uma das maiores cidades da ilha.