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Criadores da madeira à prova de bala inventam agora madeira à prova de fogo

Um grupo de investigadores norte-americanos desenvolveu um material químico que comprime a madeira, removendo os espaços entre as paredes das suas células, tornando-a assim mais resistente ao fogo. Quando queimado, esse material forma uma camada de carvão protetora no seu exterior, o que ajuda a preservar a resistência interna.

Segundo um artigo da Chemistry World, divulgado na quarta-feira, a utilização da madeira em aplicações estruturais é limitada devido à sua inflamabilidade inerente e ao facto de poder colapsar rapidamente em caso de fogo ou incêndio.

Apesar de já existirem tratamentos químicos que tornam a madeira mais resistente ao fogo – retardadores de chamas halogenados ou revestimentos de nanopartículas inorgânicas -, essas abordagens são “proibitivamente caras”, “falham nos padrões ambientais e de saúde ou resultam em força estrutural insuficiente”, indica o artigo.

Mas essa realidade pode estar prestes a mudar. Investigadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos (EUA), que desenvolveram um processo para criar madeira à prova de balas – por meio da densificação -, descobriram que o mesmo confere também resistência ao fogo, sem necessidade de recorrer a materiais potencialmente tóxicos ou hostis para o ambiente.

O material densificado – “super madeira” – é criado ao tratar quimicamente a madeira com hidróxido de sódio e sulfito de sódio, o que permite remover parcialmente a lenhina, o polímero orgânico que torna as suas paredes celulares rígidas.

A prensagem a quente, feita numa segunda etapa, cria um material denso e laminado sem a estrutura porosa que fornece oxigénio e o torna inflamável.

Os investigadores descobriram que, quando queimada, a estrutura modificada faz com que uma camada de carvão densa e isolante se forme na superfície do material. Juntas, essas duas propriedades podem duplicar o tempo de ignição do material e diminuir a sua taxa máxima de libertação de calor em mais de um terço.

De acordo com o investigador Liangbing Hu, da Universidade de Maryland, o material recém-prensado tem três vezes e meia mais resistência à compressão e a madeira adensada apresenta uma resistência 82 vezes maior à compressão, em comparação com a madeira natural, após estar exposta a chamas por 90 segundos.

Se for utilizada para a construção, indicou o investigador, a madeira tratada “pode, ​​efetivamente, prevenir o colapso e a destruição das estruturas e ganhar um tempo precioso ao nível de resgate quando ocorre um incêndio”.

Para Richard Hull, pesquisador na área do fogo na Universidade Central de Lancashire (Reino Unido), que não esteve envolvido neste estudo, sendo a lenhina o componente menos inflamável, a sua remoção “é uma estratégia inusitada” para tornar a madeira mais resistente ao fogo.

“As pequenas melhorias de inflamabilidade derivam do aumento da densidade e da redução da porosidade, mas isso também pode ser alcançado usando aditivos inorgânicos”, observou, acrescentando que, ao lado dos custos do processo, o facto de a madeira ser vendida em volume significa que a densificação aumentará o preço do material.

TP, ZAP //

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