Em comparação com pacientes que tiveram uma outra infeção respiratória não associada à covid, os pacientes que foram infetados pelo coronavírus tiveram um aumento de 72% nos novos diagnósticos de diabetes tipo 1.
Um novo estudo publicado na JAMA Network descobriu que há uma grande correlação entre o aumento de diagnósticos de diabetes tipo 1 em crianças e as infeções por covid-19, relata o SciTech Daily.
“A diabetes tipo 1 é considerada uma doença autoimune. Ocorre principalmente porque as defesas imunológicas do corpo atacam as células que produzem insulina, interrompendo a produção de insulina e causando a doença. Foi sugerido que a covid aumenta as respostas autoimunes, e a nossa descoberta atual reforça essa sugestão”, explica Pamela Davis, co-autora do estudo.
Ao contrário da diabetes tipo 2 — que é mais comum nos adultos e se desenvolve ao longo dos anos — a diabetes tipo 1 é mais comum nas crianças, que desenvolvem uma resistência ao efeito da insulina e, com o passar do tempo, o próprio pâncreas deixa de a produzir em quantidade suficiente para o corpo processar a glucose.
A equipa começou por analisar os dados clínicos 1,1 milhões de pacientes que tiveram covid-19 entre março de 2020 e dezembro de 2021 em 14 países. Os investigadores também estudaram os pacientes que foram diagnosticados com uma infeção respiratória que não estava relacionada com covid-19 neste mesmo período.
Os cientistas dividiram a amostra em dois grupos: pacientes com até 9 anos e os restantes com entre 10 e 18 anos. Após uma cuidadosa comparação estatística que teve em conta a idade, dados demográficos e histórico familiar de diabetes, houve 285 628 em cada grupo para um total de 571 256 participantes na amostra.
As conclusões mostram que seis meses após a infeção, 123 pacientes (0,043% da amostra) tinham sido diagnosticados com diabetes tipo 1. Por contraste, os pacientes que receberam o mesmo diagnóstico após terem uma outra infeção respiratória foram apenas 72 (0,025%). Isto representa um aumento de 72% nos novos diagnósticos de diabetes tipo 1 no grupo que teve covid-19 em comparação com o outro segmento.
Rong Xu, co-autora do estudo, reforça que são precisas mais pesquisas para se entender se o aumento de diagnósticos pediátricos de diabetes tipo 1 vai continuar e quais são os grupos mais expostos a este risco.
“Também estamos a investigar possíveis mudanças no desenvolvimento de diabetes tipo 2 em crianças após uma infeção pelo SARS-CoV2″, acrescenta.