Corpos em túmulos megalíticos em Espanha foram descarnados (e os seus ossos fraturados após a morte)

IJOA

Uma equipa de arqueólogos encontrou um túmulo na Península Ibérica, datado de há 6.000 anos, com corpos esfolados, cujos ossos foram partidos após a morte.

Uma descoberta inédita no norte de Espanha revelou evidências de práticas funerárias únicas que ocorreram há cerca de 6.000 anos.

Em dois grandes túmulos de pedra do Neolítico, datados do quarto milénio a.C., foram encontrados mais de duas dezenas de restos mortais de homens, mulheres e crianças, juntamente com vários artefactos, como pontas de flecha de sílex, furadores de osso, ferramentas de pedra e fragmentos de cerâmica.

A descoberta, apresentada num artigo recentemente publicado no International Journal of Osteoarchaeology, revelou um aspeto surpreendente destes túmulos: um número significativo dos ossos estava fraturado e fragmentado perimortem, ou seja, por volta ou logo após o momento da morte.

A análise do estudo mostrou que 70% a 90% dos ossos estavam fraturados. Os ossos dos braços exibiam fraturas em forma de “borboleta”, indicativas de uma força aplicada perpendicularmente ao osso fresco.

Além disso, marcas de impacto e cortes em forma de V em alguns ossos sugeriam o uso de ferramentas de pedra para esfolar os mortos.

Estes dados levaram os investigadores a sugerir que estas marcas faziam parte de um “processo de gestão da morte” empregado por povos ancestrais, possivelmente para acelerar a decomposição ou para usar alguns ossos como objetos funerários ou relíquias.

Fracisco Tapias López

Marcas de impacto e cortes em forma de V em alguns ossos sugeriam o uso de ferramentas de pedra para esfolar os mortos

“É muito difícil  interpretar as motivações por trás destas práticas”, explica a arqueóloga Angélica Santa-Cruz, investigadora da Universidade de Valladolid em Espanha e co-autora do estudo, citada pelo LiveScience.

Outro aspeto que os investigadores não puderam descartar foi a possibilidade de canibalismo funerário, um comportamento encontrado em outras partes do noroeste da Europa durante o período Paleolítico Superior (35.000 a 10.000 anos atrás). No entanto, Santa-Cruz enfatizou a necessidade de cautela ao fazer tais afirmações.

O estudo lança também luz sobre o estilo de vida destes povos do Neolítico, que provavelmente levavam uma vida semi-nómada focada na agricultura e na pecuária. No entanto, devido à escassez de áreas de habitação, muito sobre as suas vidas permanece desconhecido.

ZAP //

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