O nosso corpo tem uma “cópia de segurança” da juventude. Estamos perto de a encontrar

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Uma equipa de cientistas de Harvard desafiou as leis da ciência ao retardar o envelhecimento num grupo de ratos.

David Sinclair, professor de genética no Blavatnik Institute da Harvard Medical School, diz que o corpo humano tem “uma cópia de segurança da nossa juventude que pode ser acionada para se regenerar”.

O também codiretor do Paul F. Glenn Center for Biology of Aging Research não é um novato no assunto — trocadilhos à parte. Num estudo publicado em 2013, uma equipa liderada por David Sinclair, e que incluía investigadores da Universidade de Coimbra, já sugeria que há “processos envolvidos no envelhecimento” que “são reversíveis”.

Mais tarde, em 2017, colaborou num estudo que descobriu o papel crucial que o hipotálamo, a região do cérebro responsável pelos processos hormonais e metabólicos do corpo, desempenha no envelhecimento do organismo. “É um avanço. O cérebro controla quanto tempo vivemos”, disse David Sinclair, na altura.

Embora muitas vezes se suponha que o envelhecimento é o resultado de mutações genéticas que causam a deterioração e a morte dos nossos corpos, a equipa de investigadores liderada por Sinclair acredita que não é o caso.

Olhemos para o ADN como o hardware e para os epigenoma como o software, que tem a capacidade de ligar e desligar os genes. Durante o desenvolvimento, o ADN que compõe os nossos genes acumula marcas químicas que determinam a quantidade expressa de genes. Esse conjunto de marcas é conhecido como “epigenoma”.

“A descoberta surpreendente é que há uma cópia de segurança do software no corpo que se pode redefinir”, explicou o cientista norte-americano. “Estamos a mostrar porque é que esse software foi corrompido e como podemos reiniciar o sistema tocando num botão de reinicialização que restaura a capacidade da célula de ler o genoma novamente de forma correta, como se fosse jovem”.

Nas experiências em laboratório, ratos cegos conseguiram recuperar a visão e desenvolveram cérebros mais inteligentes e jovens. Além disso, foram capazes de construir músculos e tecidos renais mais saudáveis.

Como é que os cientistas conseguiram isto? Os autores injetaram células ganglionares danificadas da retina na parte de trás dos olhos dos animais com um cocktail de células humanas. Depois, alimentaram-nos com antibióticos. Os ratos, eventualmente, recuperaram a visão.

O único problema foi que ratos mais jovens envelheceram prematuramente. Os resultados do estudo foram publicados este mês na conceituada revista científica Cell.

“As experiências mostram que o envelhecimento é um processo reversível, capaz de ser conduzido para a frente e para trás à vontade”, diz Sinclair.

Daniel Costa, ZAP //

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