Equipa internacional de astrónomos descobriu 23 nuvens moleculares que apresentavam um tipo diferente de formação estelar.
Uma equipa internacional de astrónomos revelou uma misteriosa formação estelar na extremidade da galáxia M83.
Esta investigação foi apresentada numa conferência de imprensa da 243.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana em Nova Orleães, no estado norte-americano do Louisiana.
A investigação utilizou vários instrumentos operados pelo NRAO (National Radio Astronomy Observatory) da NSF (National Science Foundation), incluindo o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), o VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) e o GBT (Green Bank Telescope), juntamente com o Telescópio Subaru do NAOJ (National Astronomical Observatory of Japan) e o GALEX (Galaxy Evolution Explorer) da NASA.
Normalmente, as estrelas formam-se como resultado da redução do gás atómico difuso em concentrações de gás molecular, chamadas nuvens moleculares, cujos núcleos de alta densidade no seu centro desencadeiam a formação estelar. Este processo é comum na parte interior das galáxias, mas torna-se cada vez mais raro quanto mais para a periferia.
Sabe-se que existe um número surpreendente de estrelas muito jovens nas extremidades de muitas galáxias, mas os cientistas não conseguiam perceber como e porque é que essas estrelas foram fabricadas, pois não conseguiam identificar os seus locais de formação.
Esta investigação descobriu 23 nuvens moleculares que apresentavam um tipo diferente de formação estelar.
Os grandes corpos destas nuvens não eram visíveis como as nuvens moleculares “normais” – apenas eram observados os seus núcleos densos de formação estelar, os “corações” das nuvens.
Esta descoberta fornece uma pista importante para compreender os processos físicos que levam à formação estelar em geral.
“A formação de estrelas nas orlas das galáxias tem sido um mistério persistente desde a sua descoberta pelo satélite GALEX da NASA, há 18 anos. As buscas anteriores por nuvens moleculares, neste ambiente, revelaram-se infrutíferas”, disse o astrónomo Jin Koda, da Universidade Stony Brook, que liderou esta investigação.
David Thilker, da Universidade Johns Hopkins, que originalmente descobriu a atividade de formação estelar que ocorre na periferia de M83 e noutras galáxias, comentou: “Foi gratificante ver a procura por nuvens densas associadas ao disco exterior finalmente concretizada, revelando uma impressão digital observacional caracteristicamente diferente para as nuvens moleculares.”
A observação destas nuvens moleculares revelou uma, outra descoberta desta investigação.
Normalmente, o gás atómico condensa-se em nuvens moleculares densas, dentro das quais se desenvolvem núcleos ainda mais densos que formam estrelas.
Este processo está em funcionamento mesmo na periferia das galáxias, mas a conversão deste gás atómico em nuvens moleculares não era evidente, por razões que ainda não foram determinadas.
Amanda Lee, da equipa de investigação de Koda enquanto tirava a sua licenciatura, processou os dados do GBT e do VLA. Foi assim que descobriu o reservatório de gás atómico na extremidade da galáxia.
“Ainda não compreendemos porque é que este gás atómico não se transforma eficazmente em nuvens moleculares densas e forma estrelas.”
Como acontece frequentemente em astronomia, a procura de respostas para um mistério pode levar a outro. “É por isso que a investigação em astronomia é excitante”, acrescenta Lee, que está agora a tirar um doutoramento em astronomia na Universidade de Massachusetts Amherst.
Thilker acrescentou: “Estou entusiasmado por ver esta nova oportunidade ser aproveitada de forma mais alargada no ambiente do disco exterior, a fim de obter uma visão mais profunda dos processos físicos fundamentais do crescimento de ‘dentro para fora’ das galáxias que ainda se verifica na atual época cósmica”.
“Quando comecei, não sabia que papel o meu trabalho iria desempenhar. Foi muito emocionante ver que contribuía para o panorama geral da formação estelar”, disse Lee.
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