Há meia dúzia de séculos? Quando Jesus nasceu? 50 mil anos? Não. Muito antes disso, revela novo estudo.
Para nós, o fogo é algo habitual nas nossas vidas. Há muito tempo que utilizamos e controlamos as chamas a nosso favor (outros utilizam para cometer crimes).
Mas provavelmente muitos leitores nunca terão pensado na origem: desde quando os humanos controlam o fogo?
Escasseiam registos arqueológicos e, como é fácil adivinhar, é complicado encontrar vestígios de lareiras, passado tanto tempo.
As evidências encontradas sugeriam humanos a explorar o fogo, mas provavelmente a aproveitar as brasas de um incêndio natural para cozinhar a sua comida. Nesse contexto já há exemplos de há 1 milhão de anos. Mas não seria fogo criado e controlado por humanos.
Olhando para investigações anteriores na Europa, a primeira evidência de que os humanos criaram e controlaram chamas remete para um período de há cerca de 200 mil anos.
Mas um novo estudo, publicado na Nature Scientific Reports, mostra que o primeiro caso de fogo controlado por humanos decorreu há 250 mil anos, na actual Espanha.
Recuamos mais 50 mil anos do que se sabia até agora, com esta descoberta no sítio arqueológico Valdocarros, muito perto da capital Madrid.
Foram encontradas evidências de biomarcadores lipídicos naquele local, que mostram que o pinho em decomposição foi usado como combustível – os biomarcadores lipídicos são os restos de moléculas que vieram de fontes específicas, como determinados tipos de madeira que são “restos” de incêndios.
Outra evidência aponta no mesmo sentido: moléculas chamadas hidrocarbonetos poliaromáticos, que são produtos da combustão incompleta.
A análise a essas moléculas mostrou que o pinheiro em decomposição naquele local em Espanha foi queimado por períodos relativamente curtos, explica o portal The Conversation.
E em temperaturas mais baixas, para facilitar no momento de cozinhar alimentos. Ou seja, terão sido lareiras criadas e controladas pelos humanos, propositadamente, para cozinharem.
Até porque, na mesma zona espanhola, foi descoberto um vasto registo fóssil de mamíferos abatidos pelos humanos. Alguns animais pesariam mais de 1.500 quilos e foram depois cozinhados sob fogo.
