Consumo e exportações já retomaram valores pré pandemia e embalam economia portuguesa

Apesar do seu impacto se fazer notar nos números, o conflito na Ucrânia ainda não determinou uma desaceleração da economia portuguesa.

Após mais de dois anos de pandemia da covid-19, a economia portuguesa dá finalmente mostras de recuperação para os níveis anteriores a março de 2019, no que respeita ao PIB e a todas as suas principais componentes. De acordo com o jornal Público, é já possível observar sinais de melhoras ao nível do consumo privado e exportações, dois indicadores que tendem a demorar a recuperar mas que neste momento fazem acelerar o PIB.

De facto, no primeiro e segundo trimestre de 2020 o Produto Interno Bruto caiu a pique, ao passo que o consumo do Estado e o investimento se mantiveram relativamente constantes. O consumo privado e as exportações, por sua vez, tiveram mais dificuldades. Uma justificação possível terá que ver com a insuficiência das medidas de confinamento adotadas pelo governo para a ajuda das famílias — com o setor do turismo a ser um dos mais atingidos.

A mesma fonte refere quebras na ordem dos 20% no consumo, 35% nas exportações de bens e de 54% nas exportações de serviços para o período correspondente ao pré-pandemia. Ainda assim, ressalva, todos os indicadores conseguiram regressar, em termos reais, no primeiro trimestre do ano ao valor em que se encontravam no quarto trimestre de 2019. Assim se explica, por exemplo, a própria subida do PIB — o que contribuiu de forma decisiva para o crescimento de 2,6% da economia portuguesa nos três primeiros meses do ano.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, nos três primeiros meses do ano, a taxa de variação em cadeia do PIB foi de 2,6%, a variação homóloga chegou aos 11,9% e o PIB é atualmente 1,2% maior do que no início da pandemia. De forma mais específica, o consumo privado cresceu 2,2% face ao semestre anterior e 1,6% em relação aos níveis pré-pandemia.

O aumento também foi especialmente expressiva no caso dos bens duradouros, onde se incluem produtos como automóveis ou eletrodomésticos. Neste âmbito, a variação hómologa foi de 20,7%, o que pode evidenciar a aposta em aquisições importantes após um período de poupança duradouro. Um comportamento semelhante registou-se nos bens não duradouros, ainda que de forma menos significativa, 0,6% em termos trimestrais.

Ainda segundo o Público, o crescimento no consumo é muitas vezes acompanhado de um crescimento nas importações, o que  acaba por mitigar o efeito positivo no PIB, apesar de não ser o que aconteceu este ano. Nos dados do INE, é notório um abrandamento nos três primeiros meses do ano (cresceram apenas 0,7%) face aos 7,7% do trimestre anterior.

O conflito na Ucrânia também já se fez sentir nos números, sobretudo no das exportações, cujo valor em cadeia passou de 9,1% para 1,7%. Ainda assim, também este indicador, tanto ao nível dos bens como dos serviços, superou os valores pré-pandemia.

ZAP //

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