Consumo de canábis na adolescência associado a um risco maior de psicose

// andres.thor / Flickr; Freepik

O consumo de canábis por adolescentes está associado a um risco consideravelmente maior de perturbações psicóticas.

Um novo estudo, publicado esta quarta-feira na Psychological Medicine, estima que os doentes que consomem a droga correm um risco 11 vezes maior de desenvolver uma perturbação psicótica em comparação com os adolescentes que não consomem.

A psicose é a perda de contacto com a realidade, resultando em sintomas de surto psicótico, como confusão mental, alucinações ou delírios e dificuldade de entender o que é real e o que é imaginário.

A associação entre a canábis e as perturbações psicóticas pode ser muito mais forte do que o apurado em estudos anteriores, que se basearam em grande parte em dados mais antigos — quando a droga era menos potente do que atualmente.

Segundo a SciTechDaily, os investigadores associaram dados recentes de 11.000 jovens, em Ontário, a registos de utilização de saúde (hospitalizações, visitas a serviços de urgências e consultas externas).

A equipa revela uma associação dependente da idade entre o consumo de canábis declarado pelo próprio e o subsequente diagnóstico de perturbação psicótica, o que vem juntar-se a um conjunto crescente de investigação sobre os riscos para a saúde mental associados à canábis.

“Encontrámos uma associação bastante forte entre o consumo de cannabis e o risco de perturbação psicótica na adolescência. Surpreendentemente, não encontrámos provas de associação em jovens adultos”, afirma o autor principal do estudo, André McDonald.

Dos doentes que visitaram serviços de saúde devido a um distúrbio psicótico, cerca de 5 em cada 6 tinham relatado anteriormente o consumo de canábis.

“A grande maioria dos adolescentes que consomem canábis não desenvolverá uma perturbação psicótica, mas, de acordo com estes dados, a maioria dos adolescentes a quem é diagnosticada uma perturbação psicótica tem provavelmente um histórico de consumo de cannabis”, conclui McDonald.

Apesar destas limitações, os resultados aumentam as preocupações com o consumo precoce de canábis, especialmente na sequência da legalização.