Congresso do CDS. Madeira é a luz ao fundo do túnel e Melo quer “purga” da “trincheira” da TEM

José Coelho / Lusa

O novo presidente do CDS-PP, Nuno Melo, durante o 29.º Congresso do partido

O partido quer utilizar a força que ainda tem nas regiões autónomas para se catapultar de novo para a Assembleia da República. Nuno Melo defende o fim das correntes de opinião internas, o que lhe valou acusações de “purga” por parte da Tendência Esperança em Movimento.

Depois de não ter conseguido eleger qualquer deputado lugar para a Assembleia da República, a esperança de revitalização do CDS pode estar nos arquipélagos. Tanto na Madeira como nos Açores, os centristas governam em coligação com o PSD.

Rui Barreto foi recentemente reeleito na liderança do CDS-Madeira, com 91% dos votos, e confirma ao Público que acredita que a vida que o partido ainda tem nas ilhas pode ajudar a reavivá-lo no plano nacional.

“Estamos dispostos a ajudar, a colaborar, a dar o nosso melhor para reerguer um partido que, efectivamente, faz falta a Portugal. Já o disse publicamente e também já o disse em privado, nomeadamente ao presidente do partido: podem contar connosco”, afirma.

Por enquanto, o foco principal é na Madeira. Nas últimas eleições regionais, o PSD perdeu pela primeira vez a maioria absoluta e de momento o CDS quer negociar um acordo pré-eleitoral com os sociais-democratas.

No entanto, a ideia não surge sem críticas, já que há quem não seja fã da ideia por não permitir aferir qual é o verdadeiro peso eleitoral do CDS. Barreto garante ainda que a aliança pré-eleitoral não se relaciona com o actual momento no partido, já que o CDS tem uma “autonomia estatutária” nos Açores e na Madeira.

O líder regional acredita ainda que a aliança de centro-direita é uma firewall contra a direita populista. “O combate ao populismo é uma das nossas missões centrais e, modéstia à parte, creio que a temos desempenhado bem”, afirma, falando num combate diário que “recusa a solução fácil” e trabalha numa “lógica de futuro”

Melo quer fim das correntes de opinião internas

No plano nacional, o CDS vai ter este sábado um congresso em Aveiro onde serão feitas alterações aos estatutos do partido para permitir a criação de três novos órgãos e a entrada de figuras independentes.

O gabinete de apoio estratégico e programático, o gabinete de comunicação e o gabinete de relações internacionais são os três órgãos em cima da mesa, que levarão à criação de mais 11 cargos.

O primeiro ficará encarregue de preparar as propostas do partido e incluirá até 12 vogais, que podem ser militantes ou independentes. “Não quero o CDS como o megafone do descontentamento. Tem de trabalhar soluções para o eleitorado”, promete.

A segunda proposta é o fim das correntes de opinião internas, criadas por Paulo Portas, e esta proposta está a causar tensão no partido. De momento há apenas uma — a Tendência Esperança em Movimento, conhecida como TEM. Mas Nuno Melo não é fã da ideia que “acabou por se revelar errada” e quer por-lhe fim.

O Presidente do partido não poupa nas críticas aos membros da TEM. “Algumas pessoas entrincheiraram-se com o argumento de serem uma tendência, trabalhando em processos de purificação ideológica”, revela ao Público.

Já o porta-voz da TEM, Mário Cunha Reis, descreve a medida como uma “purga ao escrutínio político, financeiro e estatutário que é feito” e acusa Nuno Melo e outras figuras do partido que “lançaram uma intifada a Francisco Rodrigues dos Santos” de se quererem vingar dos seus apoiantes, já que a TEM ajudou à vitória do ex-líder.

Mário Cunha Reis acredita ainda que a medida é um “mau sinal para um partido que devia estar concentrado na sua recuperação” e sublinha a hipocrisia de Nuno Melo que “defende a abertura do partido à sociedade e a independentes mas, aparentemente, quer extinguir alguns“.

O porta-voz da TEM garante ainda que o movimento vai continuar mesmo sem ser reconhecido nos estatutos: “Estará mais livre, não se extingue, continuamos empenhados nas causas e na formação política”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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