Concluída com sucesso a primeira cirurgia 100% feita por um robô

Juo-Tung Chen / Universidade Johns Hopkins

Um robô cirúrgico a operar num porco morto

Um robô guiado por IA removeu com sucesso a vesícula biliar de um porco morto. É a primeira cirurgia realista feita sem intervenção humana.

Um robô operou pela primeira vez um modelo realista de paciente.

Este avanço sem precedentes foi anunciado num estudo publicado esta quarta-feira na Science Robotics.

Treinado com vídeos de cirurgias, o robô procedeu à remoção da vesícula biliar de um porco morto sem ajuda humana.

Como detalha a New Scientist, o robô foi alimentado por um sistema de IA idêntico ao ChatGTP, que foi treinado em 17 horas de vídeo que engloba 16.000 movimentos efetuados em operações por cirurgiões humanos.

No total, a cirurgia à vesícula biliar exigiu 17 tarefas distintas. O sistema robótico efetuou a operação oito vezes, obtendo 100% de sucesso em todas as tarefas.

embora “tenha demorado mais tempo a realizar o trabalho do que um cirurgião humano, os resultados foram comparáveis”, refere o comunicado.

Embora o robô tenha tinha uma eficácia de 100%, demorou mais tempo a realizar o trabalho do que um cirurgião humano e teve de se auto-corrigir seis vezes. Isto pode significar que uma pinça concebida para agarrar uma artéria falhou a sua fixação à primeira tentativa.

“Houve muitos casos em que teve de se auto-corrigir, mas mesmo isso tudo foi totalmente autónomo“, disse, à New Scientist, Axel Krieger, membro da equipa da Universidade Johns Hopkins, em Maryland.

“Identificava corretamente o erro inicial e corrigia-se a si próprio”. O robô também teve de pedir a um humano para trocar um dos seus instrumentos cirúrgicos por outro, o que significa que foi necessário algum nível de intervenção humana.

Há agora vários desafios para que o sistema possa ser utilizado na prática clínica.

À New Scientist, Ferdinando Rodriguez y Baena, do Imperial College de Londres, que não fez parte da investigação, disse estar entusiasmado com o potencial crescente da cirurgia robótica No entanto, avisa que, “para que isto se concretize em segurança nos seres humanos, a regulamentação terá de seguir o exemplo, o que continua a ser um desafio significativo no nosso sector.”

O próximo passo é deixar um robô operar autonomamente num animal vivo, onde a “respiração e a hemorragia podem complicar as coisas” – admite Krieger.

Miguel Esteves, ZAP //

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