Como sobreviver a um tsunami (de acordo com a ciência)

Está numa praia, sem nenhuma preocupação no mundo. O sol a bronzear-lhe a pele, a areia a escorrer-lhe entre os dedos dos pés, o som das ondas. Espere, o quê? Para onde foi toda a água? Viu-a ir-se embora? É melhor agir rapidamente. Numa questão de minutos, pode estar debaixo de água.

Há 20 anos, feitos no dia 26 de dezembro, o tsunami mais mortífero da história fez cerca de 230 mil mortes, gerou ondas de mais de 30 metros de altura e foi um dos piores desastres naturais dos últimos cem anos.

A maior parte das vítimas mortais foi apanhada desprevenida pelo evento, principalmente porque não reconheceu (ou não conhecia) os primeiros sinais de que se aproximava um devastador tsunami.

Conhecer estes sinais (e fugir a sete pés) pode ajudar-nos a sobreviver a um destes eventos catastróficos, mas é preciso saber o que fazer, explica o canal How To Survive no YouTube.

Os tsunamis são desencadeados por uma intensa atividade submarina, geralmente um terramoto ou uma erupção vulcânica submarina.

Estes acontecimentos deslocam grandes volumes de água, empurrando-a do fundo do oceano para a sua superfície. Mas quando a gravidade a puxa de volta para baixo, toda esta energia acumulada é libertada para o exterior, formando ondas mortais que se tornam mais fortes à medida que se propagam pelo oceano.

As ondas de um tsunami podem ter 100 km de comprimento e, por vezes, mais de 30 m de altura. Podem atravessar oceanos inteiros, movendo-se à velocidade de um avião a jato.

Com tanta velocidade, força e resistência, como é que alguém pode ter alguma hipótese? Mesmo numa zona de risco de tsunami, é possível sobreviver — se se souber o que fazer, e o primeiro passo para conseguirmos sobreviver à catástrofe é ser capaz de identificar os primeiros sinais de um tsunami.

O Oceano Pacífico é conhecido pela sua atividade tectónica volátil, o que explica que 75% das erupções vulcânicas e 90% dos terramotos ocorram neste oceano. Estas perturbações geológicas são a razão pela qual 85% de todos os tsunamis ocorrem no Pacífico.

Na maioria dos casos, um terramoto precede o tsunami. Por isso, se estiver perto da costa e sentir um sismo, comece por se proteger do sismo; mas, assim que os tremores pararem, vá para um local mais alto o mais rapidamente possível.

Um dos primeiros sinais de um tsunami iminente é o facto de a água ao longo da costa recuar. A água recua e expõe o fundo do mar. A praia vai ficar maior.  Não se dirija à praia para investigar, só se está a colocar em risco — a água vai voltar.

Em vez disso, siga na direção oposta — corra para o outro lado. Tente afastar-se até 3,5 km do oceano ou 30 m acima do nível do mar para garantir a sua segurança. Dirija-se então para a maior altitude possível.

Os tsunamis deslocam-se rapidamente e pode não ter tempo para fugir da zona de perigo. Nesse caso, procure um edifício alto com uma fundação de betão resistente. Se vir um por perto, corra para dentro e vá para o telhado o mais rápido possível.

Se não conseguir chegar a um edifício ou ponto alto a tempo, a sua melhor aposta é agarrar-se a alguma coisa e aguentar-se. Apesar de isto poder não parecer muito prático, pode salvar-lhe a vida.

No tsunami de 2004 no Oceano Índico, uma mulher indonésia foi finalmente salva depois de se ter agarrado a uma palmeira durante cinco dias seguidos. Embora não seja o ideal, se não conseguir chegar a um local mais alto a tempo, precisa de encontrar algo a que se agarrar.

À medida que o tsunami se desloca para o interior, as águas arrastam consigo toneladas de detritos. Isto pode ser muito perigoso, pois a acumulação de detritos a alta velocidade torna-se um obstáculo fatal para quem for apanhado pela corrente.

No entanto, muitas vítimas do tsunami foram salvas depois de ter subido para telhados soltos ou agarrando-se firmemente a carros ou outros objetos grandes que se encontravam a flutuar.

Claro que, mesmo que tenha chegado até aqui, os seus problemas ainda não acabaram. Um tsunami não é uma onda, mas sim uma série de ondas conhecidas como um “comboio de ondas de tsunami”.

Estas ondas podem ter um intervalo de cinco minutos a uma hora. E tenha em atenção que a primeira onda que atinge nem sempre é a mais forte. Por isso, mesmo que pense que o tsunami já passou, permaneça num local seguro até ter notícias das autoridades locais.

Escusado será dizer que os tsunamis são aterradores. E quando uma onda de 30 metros se precipita na nossa direção a 800 km por hora, é provável que nos sintamos bastante desamparados.

Ainda assim, se reconhecer os primeiros sinais e seguir estes passos, a sua probabilidade de sobreviver aumenta… dramaticamente.

Há uns anos, o jornal alemão Bild publicou um vídeo captado por um turista que se encontrava na Tailândia em 2004, no dia do famigerado tsunami, que é um compêndio de tudo o que não se deve fazer quando a catástrofe se aproxima.

Em primeiro lugar, o vídeo mostra-nos um pequeno grupo de banhistas na praia, a olhar fascinados para as enormes ondas que se aproximam ao longe — que já era, claramente, um tsunami. Continuam a passear na areia, calmamente.

Além disso, o próprio autor do vídeo esteve largos minutos a filmar o fenómeno, aparentemente sem saber muito bem o que se passava — até que alguém lhe diz que é um tsunami, e que era melhor começarem a correr para se salvar.

Neste caso, felizmente, o turista alemão conseguiu chegar a um local seguro — e sobreviveu para contar a história.

ZAP //

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