Como seria o mundo se só existissem 1000 pessoas?

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Como seria a vida se, de repente, apenas existissem 1000 pessoas em todo o mundo? Haveria falta de médicos e comida e a quase todas as profissões iriam desaparecer.

E se uma tragédia devastasse o mundo de tal forma grave que só restariam 1000 humanos? Foi a esta pergunta hipotética que o Grunge tentou responder, antecipando as principais mudanças e desafios que os sobreviventes teriam de enfrentar.

Uma das maiores mudanças seria a quantidade de comida disponível. Os dados do Banco Mundial indicam que, em 2019, 27% da população mundial se dedicava à agricultura. Mantendo-se esta proporção, isto significaria que apenas 270 das 1000 pessoas restantes seriam agricultores.

Caso o nível de tecnologia usado na agricultura fosse mantido, é possível que estas 270 pessoas consiguissem produzir comida suficiente para todos. No entanto, manter os níveis tecnológicos actuais com uma população tão pequena pode ser muito difícil, já que o tamanho da população e o crescimento tecnológico estão relacionados, havendo o risco de o sistema entrar em colapso.

O pequeno número de pessoas também tornaria impossível a criação pecuária de grande escala. Assim, a Humanidade teria de voltar a apostar na caça para comer carne. Mas estatisticamente, é possível que nem uma única das 1000 pessoas restantes tivesse essa capacidade.

Um estudo de 2018 revelou que há cerca de 10 milhões de pessoas em sociedades de caçadores-colectores. Isto traduz-se em 0,125% da população, num mundo com oito mil milhões de pessoas. Aplicando esta mesma percentagem a 1000 pessoas, o mais provável é que ninguém saiba caçar.

Dado haver tão poucas pessoas, a especialização em trabalhos também desapareceria. A população teria de aprender a ser “pau para toda a obra” e todos teriam de saber as capacidades básicas para sobreviver.

Muitos dos empregos que existem agora também desapareceriam — num mundo sem empresas e sem bancos, todos os trabalhos relacionados com contabilidade, marketing ou finanças seriam desnecessários. Sem pessoas para ir para estes trabalhos, também não existiria um setor dedicado aos transportes. O comércio também desapareceria sem fábricas por trás e sem clientes.

As forças armadas também não existiriam. As profissões relacionadas com a moda, o desporto ou as artes também seriam eliminadas, já que as prioridades da população seriam ter comida, saúde, uma casa e roupas.

Uma das poucas profissões que continuaria a ser essencial seria a medicina. Os dados do Banco Mundial indicam que há 1,6 médicos por cada 1000 pessoas, ou seja, haveria apenas um único médico. Não há dados sobre qual é a proporção de especialistas na população, mas o mais provável é que fosse um clínico de medicina geral, o que traria problemas para pacientes que precisassem de cuidados mais especializados ou de cirurgias.

A população seria também muito jovem. Em 2021, 22,2% da população mundial tinha até quatro anos e 52,8% tinha até 19 anos. Isto traduz-se em 222 crianças até aos quatro anos e 528 jovens até aos 19 anos num mundo só com 1000 pessoas. Do outro lado da moeda, apenas 48 das pessoas teriam mais de 65 anos.

A Organização Mundial da Saúde estima que 20% da população mundial tem algum tipo de deficiência, o que corresponderia a 200 pessoas e seria um desafio para o único médico da comunidade

No entanto, nem tudo seriam más notícias. O desaparecimento da quase toda a Humanidade seria muito benéfico para o ambiente e para o reino animal, com as emissões de poluentes no zero e a reflorestação a poder acontecer sem interferência. A maioria das espécies de animais selvagens também beneficiaria.

ZAP //

3 Comments

  1. Não precisaria de ser uma população de apenas 1000 pessoas. Mesmo que fosse consideravelmente maior, representaria sempre um retrocesso gigantesco na forma de viver. A interdependência é de tal forma enorme que, sem os diferentes elos da cadeia preenchidos, quase tudo ruiria. Vejam por exemplo a produção de pão. Os cereais começam nos campos. E aí são precisas sementes, fertilizantes, pesticidas, etc. Quer os pesticidas, fertilizantes,… necessitam de toda uma cadeia de produção e distribuição. Depois há a apanha, a distribuição, etc. Isto precisa de combustíveis, etc. Com 1000 pessoas ou mesmo 30 ou 40 mil era impossível assegurar todas as cadeias de produção essenciais somente à produção de pão (que implicam necessariamente os fertilizantes, pesticidas, combustíveis, fermentos….). Se pensarmos nisto e estendermos a todos os produtos e serviços essenciais que conhecemos, poderemos imaginar o enorme recuo que a humanidade teria.

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