Polícia nada fazia: donos seguem métodos perigosos para recuperar bicicleta roubada

Ted McGrath / Flickr

Parque de estacionamento para bicicletas

Ingleses acham que a polícia podia fazer mais. Como não faz, avançaram à sua maneira – colocando-se em risco evidente.

Quando nos roubam algum objecto, é natural que chamemos logo a polícia, se acharmos que justifica.

E o que acontece quando a polícia nada faz? Procuramos alternativas.

Foi o que fizeram Fiona Ryalls e Josh Steven, dois habitantes de Bristol que ficaram sem a sua bicicleta.

Estas – e outras – vítimas de roubo alegam que a polícia recusa ajudar ciclistas a recuperar bicicletas roubadas.

Por isso, começaram a procurar a bicicleta à sua maneira. Mesmo que isso seja sinónimo de perigo – e é.

Fiona procurou a bicicleta nas redes sociais e viu que estava à venda. Então fingiu ser uma compradora normal, arriscou e encontrou-se com o vendedor.

Quando contou à polícia que tinha este plano, os agentes não a tentaram travar.

Mas não foi sozinha: levou o noivo e um amigo.

Pedi para testar a bicicleta e vim embora com ela”, relata, admitindo que se tinha sentido “muito mais segura se tivesse o apoio da polícia ou mesmo se a polícia se tivesse oferecido para ir”.

A polícia explica-se: a lista de prioridades é estabelecida consoante a “procura operacional” e atende primeiro aos casos com risco elevado para a população.

Mas há poucas linhas de investigação proporcionais e as hipóteses de resolver o roubo são baixas.

Josh Steven usou uma aplicação de localização para encontrar a bicicleta – tinha um localizador GPS escondido na bibicleta.

Foi assim que a encontrou dentro de uma casa. Ligou à polícia, que disse que “se alguém pudesse”, iria lá um agente tratar do caso.

Não apareceu, Josh avançou sozinho. Quando bateu à porta, apareceu um homem que o ameaçou com uma faca no meio da discussão.

Mas depois, um familiar desse homem apareceu e devolveu-lhe a bicicleta.

O porta-voz da associação de ciclistas Cycling UK contou que tem tentado pressionar a polícia para mudar esta postura e focar-se nas bicicletas vendidas em segunda mão. “Há algum tempo que fazemos isso”.

“Se aqueles que roubam bicicletas perceberem que é muito difícil vendê-las online, isso terá impacto nas escolhas que fazem”, continuou Duncan Dollimore, na BBC.

Duncan espera que a polícia faça algo – também para as vítimas deixarem de optar por caminhos perigosos.

Ao longo dos últimos 5 anos, mais de 365.000 queixas de roubos de bicicleta não tiveram sucesso. Ou seja, 89% do total. E só 3% resultaram em acusação ou intimação.

A Cycling UK avisa que há uma “tendência crescente” de pessoas a tentar localizar as suas bicicletas.

Em média, 200 casos por dia – mais de 8 por hora – não são resolvidos em Inglaterra e no País de Gales.

ZAP //

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