Ingleses acham que a polícia podia fazer mais. Como não faz, avançaram à sua maneira – colocando-se em risco evidente.
Quando nos roubam algum objecto, é natural que chamemos logo a polícia, se acharmos que justifica.
E o que acontece quando a polícia nada faz? Procuramos alternativas.
Foi o que fizeram Fiona Ryalls e Josh Steven, dois habitantes de Bristol que ficaram sem a sua bicicleta.
Estas – e outras – vítimas de roubo alegam que a polícia recusa ajudar ciclistas a recuperar bicicletas roubadas.
Por isso, começaram a procurar a bicicleta à sua maneira. Mesmo que isso seja sinónimo de perigo – e é.
Fiona procurou a bicicleta nas redes sociais e viu que estava à venda. Então fingiu ser uma compradora normal, arriscou e encontrou-se com o vendedor.
Quando contou à polícia que tinha este plano, os agentes não a tentaram travar.
Mas não foi sozinha: levou o noivo e um amigo.
“Pedi para testar a bicicleta e vim embora com ela”, relata, admitindo que se tinha sentido “muito mais segura se tivesse o apoio da polícia ou mesmo se a polícia se tivesse oferecido para ir”.
A polícia explica-se: a lista de prioridades é estabelecida consoante a “procura operacional” e atende primeiro aos casos com risco elevado para a população.
Mas há poucas linhas de investigação proporcionais e as hipóteses de resolver o roubo são baixas.
Josh Steven usou uma aplicação de localização para encontrar a bicicleta – tinha um localizador GPS escondido na bibicleta.
Foi assim que a encontrou dentro de uma casa. Ligou à polícia, que disse que “se alguém pudesse”, iria lá um agente tratar do caso.
Não apareceu, Josh avançou sozinho. Quando bateu à porta, apareceu um homem que o ameaçou com uma faca no meio da discussão.
Mas depois, um familiar desse homem apareceu e devolveu-lhe a bicicleta.
O porta-voz da associação de ciclistas Cycling UK contou que tem tentado pressionar a polícia para mudar esta postura e focar-se nas bicicletas vendidas em segunda mão. “Há algum tempo que fazemos isso”.
“Se aqueles que roubam bicicletas perceberem que é muito difícil vendê-las online, isso terá impacto nas escolhas que fazem”, continuou Duncan Dollimore, na BBC.
Duncan espera que a polícia faça algo – também para as vítimas deixarem de optar por caminhos perigosos.
Ao longo dos últimos 5 anos, mais de 365.000 queixas de roubos de bicicleta não tiveram sucesso. Ou seja, 89% do total. E só 3% resultaram em acusação ou intimação.
A Cycling UK avisa que há uma “tendência crescente” de pessoas a tentar localizar as suas bicicletas.
Em média, 200 casos por dia – mais de 8 por hora – não são resolvidos em Inglaterra e no País de Gales.