Com a ajuda de câmaras omnidirecionais, uma equipa de cientistas descobriu que as baleias jubarte descansam debaixo de água.
O bio-registo é um método usado no estudo de animais marinhos de difícil observação que envolve prender uma câmara a um animal e registar informações ambientais relacionadas com o seu comportamento. Essas informações podem ser usadas para compreender aspetos como o comportamento animal ou a fisiologia do mergulho.
As câmaras são uma ferramenta poderosa, mas o campo de visão limitado tem sido um problema muito evidenciado pelos cientistas, que defendem a adoção de uma câmara com lente grande angular nestes casos.
A investigação, noticiada pela Phys, usou o bio-registo para aprender mais sobre os hábitos de exploração de recursos alimentares das baleias jubarte, que podem ser identificados a partir da profundidade, velocidade e aceleração (movimento) da baleia, sinais característicos de que o animal está a perseguir uma presa.
No entanto, os cientistas acabaram por identificar sinais característicos do repouso das baleias jubarte, informações necessárias para compreender a ecologia de um animal.
Apesar de as informações sobre o comportamento de repouso serem essenciais para a compreensão da ecologia, quase nada se sabe sobre os hábitos de descanso destas baleias.
Descanso debaixo de água
A equipa internacional de cientistas usou uma câmara omnidirecional (com um campo de visão de 360° em terra e de 270º debaixo de água) e registou os dados comportamentais das baleias jubarte.
Depois de analisarem cerca de uma hora de dados de vídeo e aproximadamente onze horas de dados comportamentais de uma baleia jubarte, os investigadores descobriram que o animal estava inativo durante a primeira metade do período registado, tendo demonstrado atividade na segunda metade.
A equipa presumiu que o movimento ativo podia estar relacionado com a procura de alimento. Em relação ao período de inatividade, os cientistas descobriram que a baleia jubarte analisada neste estudo descansou debaixo de água.
A descoberta contraria pesquisas anteriores, que relataram que esta espécie repousa à superfície. O estudo, publicado a 25 de fevereiro na Behavioral Processes, concluiu que, afinal, estes animais marinhos também descansam enquanto flutuam debaixo de água – e fazem-no em grupo.