O cometa 323P/SOHO está a namoriscar a destruição à medida que se aproxima do Sol

(dr) Hui et al. 2022

O Telescópio Lowell Discovery captou esta imagem do cometa 323P/SOHO em fevereiro de 2021

Além de terem descoberto que o cometa 323P/SOHO perdeu entre 0,1-10% da massa do núcleo, os cientistas identificaram dois fragmentos de 20 metros de diâmetro, em março de 2021. O corpo parece estar a caminho da destruição.

O cometa 323P/SOHO está a sofrer um lento processo de destruição. O seu periélio — o ponto da órbita mais próximo do Sol — é de apenas 0,04 unidades astronómicas, estando muito perto da nossa estrela. Já o seu período orbital é de pouco mais de quatro anos terrestres.

Em 2020, observações com o telescópio Subaru mostraram que o cometa não tinha algumas características típicas, como coma e cauda, à medida que se aproximava do periélio mas, segundo o Universe Today, isso mudou.

O 323P/SOHO “desenvolveu uma cauda longa e estreita que imita uma nuvem de detritos cometários em desintegração”, escreveram os autores do artigo científico, que está disponível no arXiv.

O cometa tem a rotação mais rápida de todos os cometas conhecidos do Sistema Solar e um núcleo com apenas cerca de 172 metros de diâmetro. Apesar de ter uma alta força coerciva – ou seja, é resistente aos encontros gravitacionais com o Sol – essa característica não será suficiente para o salvar da destruição.

A convicção dos autores do estudo tem por base a identificação de dois fragmentos de 20 metros de diâmetro originários do objeto, em março de 2021.

Além disso, a equipa descobriu que o 323P/SOHO perdeu entre 0,1-10% da massa do núcleo.

Os investigadores também chegaram à conclusão de que o cometa pode ter feito parte da família de Júpiter. Contudo, os cometas dessa família originaram-se como objetos do Cinturão de Kuiper e contêm muitos voláteis congelados.

Ao contrário dos seus supostos “parentes”, 323P/SOHO não apresenta uma cauda percetível quando aquecido pelo Sol. “Pelo contrário, é muito provavelmente desencadeada pela instabilidade rotacional, além do grande stress térmico induzido pelo enorme gradiente de temperatura dentro do seu núcleo em torno do periélio.”

O artigo defende que é muito improvável que o cometa sobreviva por muito tempo: quer por causa da sua instabilidade rotacional, quer pela forte ressonância orbital com Saturno que diminuirá o seu periélio, deixando-o ainda mais perto do Sol.

Ainda assim, é um processo moroso e certamente já cá não estaremos para o observar. “O 323P tem uma probabilidade de 99,7% de colidir com o Sol nos próximos dois milénios”, rematam os autores.

ZAP //

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