O que deve evitar quando o seu colega de trabalho está de luto – e o que deve fazer

“Como é que ele morreu?”, “Foi um ataque cardíaco?”, “Sabe quando é que ele morreu?” e “Fez uma autópsia?”, são algumas das perguntas que temos vontade de fazer quando falece um ente querido de alguém que conhecemos.

Num artigo publicado no Fast Company, a líder de equipa Mita Mallick descreveu a sua experiência. Três semanas após a morte repentina do pai, há seis anos, voltou ao trabalho. Estava a tentar manter-se ocupada, tentando encontrar algum sentido de um “novo normal”, tentando começar o próximo capítulo da sua vida sem o pai.

E, na primeira interação com o seu chefe da altura, este encheu-a de perguntas. Não parava de lhe perguntar como o pai tinha morrido, querendo todos os detalhes.

Mita não queria responder a nenhuma das suas perguntas. E, no entanto, porque sentia-se tão exausta pelo luto, arrependeu-se. Sentou-me e responder às perguntas do chefe, uma a uma. E enquanto fornecia essas respostas, estava a experienciar novamente o trauma da morte do pai.

“Este é um dos maiores erros que cometemos ao tentar apoiar os colegas de trabalho que acabaram de perder alguém que amam: perguntar-lhes como é que a pessoa morreu”, escreveu no artigo. “Por mais curioso que esteja, este não é o momento de se tornar um jornalista de investigação. Não há razão para seguir o “Lamento muito a sua perda” com “Como é que ela morreu?”, continuou.

De acordo com Mita, se queremos apoiar verdadeiramente os colegas de trabalho que estão de luto pela perda de um ente querido, devemos deixar a curiosidade de lado e esperar que esteja pronto para partilhar, caso isso aconteça. Devemo-nos concentrar em três formas de o apoiar durante o luto:

1. Dê-lhes o tempo de que necessitam

“Quando o meu pai morreu subitamente, tirei três semanas de licença. Enquanto a minha empresa na altura tinha apenas uma política de três dias de licença de luto, a minha equipa reuniu-se à minha volta para me dar o tempo de que precisava. Depois da minha experiência e da experiência de outros, a empresa começou então a oferecer quatro semanas de licença de luto”, contou Mita.

Segundo a própria, mesmo que a política de licença de luto da sua empresa não lhe permita tirar muito tempo, enquanto líder pode fazer a coisa certa e dar tempo extra ao membro da equipa em luto. Como colega de trabalho, pode oferecer-se para cobrir projetos, participar em reuniões e cumprir alguns prazos em seu nome.

Suspenda o julgamento e as perguntas; dê-lhes o tempo de que necessitam para pôr os assuntos em ordem e iniciar o processo de cura.

2. Ofereça apoio

“Lembro-me de uma amiga que perdeu um dos pais, e de um líder da sua empresa lhe enviar mensagens de texto sem parar, perguntando-lhe que tipo de refeições a família gostava. E, por fim, a minha amiga sentiu-se sobrecarregada com os textos, e depois sentiu-se culpada. Porque no meio de tratar dos preparativos fúnebres e de acolher familiares, sentiu-se pressionada a responder aos textos do líder sobre as suas preferências alimentares e as da sua família”, contou Mita.

Por vezes, só precisamos de oferecer apoio e não de exigir ou esperar uma resposta de alguém que está de luto. Dê-lhes o espaço para responderem quando estiverem prontos.

Se quiser enviar refeições, pergunte aos outros se sabem de alguma restrição alimentar. Em caso de dúvida, envie um cartão da UberEats ou e um restaurante local. Pode oferecer-se para cuidar dos filhos, passear o cão, levar café e bagels a casa ou enviar flores para a casa funerária. Qualquer apoio será apreciado e lembrado, mesmo que não aceitem a sua oferta para ajudar.

3. Continue a lembrar-se

“Lembro-me de olhar pela janela para o céu azul brilhante. A bela cor azul fez-me lembrar uma camisa que o meu pai costumava usar sempre. Corri para a casa de banho e rebentei em lágrimas. Quando saí da casa de banho, um dos colegas com quem trabalhava disse-me: “Oh, estás chateada por os nossos orçamentos estarem a ser cortados?”. Depois riu-se e foi-se embora”, relatou Mita.

Entretanto, outro colega apercebeu-me da situação. Pegou Mita pelo braço e levou-a para tomar um café. “Caminhámos em silêncio enquanto ela me oferecia um lenço de papel. Tomámos o nosso café e bebemos em silêncio. Ela perguntou-me se podia fazer alguma coisa por mim nesse dia. Eu disse que gostaria de deixar a reunião mais cedo. Ela disse que avisaria o meu chefe e que transmitiria as notas que tomasse”.

Não se esqueça de se apresentar as condolências. “Depois da morte do meu pai, alguns colegas apresentaram condolências e depois evitaram-me nos corredores, não sabendo o que mais dizer. E, em retrospetiva, não os censuro. Não falamos o suficiente sobre luto nos nossos locais de trabalho ou nas nossas comunidades”.

“Quando perdemos alguém que amamos, estamos apenas no início da nossa jornada para curar, honrar e recordar. Continue a tentar saber junto dos colegas como pode ajudá-los, mesmo à medida que as semanas e os meses passam”, continuou.

“À medida que o tempo foi passando, partilhei histórias sobre o meu pai e a grande inspiração ele será sempre. Ainda hoje tenho ex-colegas de trabalho que se lembram da data em que o meu pai morreu e me enviam um SMS a dizer que estão a pensar em mim. Lembrem-se, não há expiração no luto”, concluiu.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.