Num novo estudo, publicado na revista Current Biology, uma equipa de investigadores examinou cerca de 150 amostras de caviar comercial e carne de esturjão.
As amostras são provenientes de quatro países diferentes — Bulgária, Roménia, Sérvia e Ucrânia — perto de algumas das últimas populações selvagens da espécie de peixe.
Os autores do estudo descobriram que algumas das ovas de peixe não continham vestígios de esturjão o que significa, tecnicamente, que não contam como caviar, apenas como ovas.
O mais importante, no entanto, é a legalidade. O esturjão está fortemente ameaçado e, por isso, apenas o caviar proveniente de esturjão cultivado pode ser vendido internacionalmente.
Mas a proporção impressionante de amostras ilegais identificadas pelos investigadores sugere que os esforços para proteger as espécies selvagens do peixe estão a ficar muito aquém das expetativas.
“Os nossos resultados indicam uma procura contínua de produtos de esturjão selvagem, o que é alarmante, uma vez que estes produtos põem em perigo as populações de esturjão selvagem”, dizem os investigadores no estudo.
Encontrado apenas no rio Danúbio e no Mar Negro, existem apenas quatro espécies de esturjão produtor de caviar na Europa e todas elas estão protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) desde 1998.
No entanto, apesar desta proteção, a análise do ADN e dos padrões isotópicos das amostras revelou que 21% do caviar provinha de esturjões selvagens — ou seja, é considerado suspeito e ilegal.
Ainda assim, uns 2% revelaram-se totalmente falsos, provenientes de peixe-gato, em vez de esturjão.
Ainda assim, 29% destes produtos violaram os regulamentos da CITES ao rotularem o caviar com informação incorreta sobre a sua espécie e país de origem.
Por sua vez, 32% constituiu uma “fraude ao consumidor”, na maioria dos casos, o que significa que foram comercializados como sendo selvagens quando, na realidade, provinham de uma exploração piscícola.
De acordo com os investigadores, é uma espécie de segredo aberto o facto de estes produtos “selvagens” — falsos ou não — serem vendidos com pouca resistência.
Segundo o The Byte, o facto de existir uma grande procura, deve fazer com que os legisladores e os defensores da conservação do meio ambiente se preocupem bastante.
E, como observam os investigadores, os reguladores europeus não podem acusar a caça furtiva estrangeira.
“Embora a caça furtiva e o comércio ilegal de animais selvagens sejam muitas vezes considerados um problema dos países em desenvolvimento, estes resultados provam que uma elevada percentagem de produtos de esturjão provenientes da UE e dos países candidatos à adesão”, explicam os investigadores.
“O controlo do comércio de caviar e de esturjão na UE e nos países candidatos necessita urgentemente de ser melhorado para garantir que as populações de esturjão do Danúbio tenham futuro”.
Da próxima vez que comer caviar, será que está mesmo a comer caviar? Eis a questão.