
Os remoinhos e as faixas onduladas de Júpiter e Saturno podem fazer lembrar uma noite estrelada e calma, mas estas caraterísticas revelam que os dois gigantes são lugares tempestuosos e turbulentos. Agora, é possível medir a turbulência destes planetas.
A turbulência produz uma transferência não linear de energia entre diferentes escalas de movimento, sendo que estas são tão fundamentais para a compreensão da dinâmica planetária quanto o sistema cardiovascular para a compreensão do corpo humano.
Contudo, até agora, os cientistas não tinham conseguido obter uma maneira fiável de quantificar a turbulência planetária. Uma equipa liderada por cientistas da Universidade de Roma, conseguiu então medir a turbulência dos planetas e descreveu esse processo no estudo publicado na AGU.
Segundo o Phys, os resultados mostram que a taxa de transferência de energia da turbulência pode ser calculada com relativa facilidade a partir de uma variável relacionada à rotação planetária e conhecida como vorticidade potencial.
A ideia foi desenvolvida e testada nas experiências realizadas na Universidade de Roma. O método foi confirmado através do uso de dados de velocidade real extraídos de imagens do movimento das nuvens de Júpiter capturadas pela missão Cassini, e de simulações de computador no caso de Saturno.
Com base nos cálculos da vorticidade potencial, a equipa mostrou pela primeira vez que a taxa de transferência de energia na atmosfera de Júpiter é quatro vezes maior do que na de Saturno.
Como refere o estudo, uma vez que as leis da turbulência são universais, o novo método pode agora ser aplicado a outros ambientes naturais como o oceano. Remoinhos no oceano, que se parecem com os remoinhos de Júpiter, por exemplo, vêm em diferentes intensidades, tamanhos e durações e são essenciais para a compreensão dos equilíbrios de energia, calor, sal, dióxido de carbono da Terra e muito mais.
“Esta é a primeira estimativa do poder turbulento de Saturno a partir de observações. Este estudo abre caminho a futuras análises de dados em outras atmosferas planetárias”, refere o autor principal Simon Cabanes.