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Cientistas identificam nova ameaça misteriosa à camada de ozono

slattner / Flickr

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Cientistas identificaram quatro novos gases de efeito estufa produzidos pelo homem que estão a contribuir para a destruição da camada de ozono.

Embora as concentrações actuais desses gases ainda sejam pequenas, dois deles estão a acumular-se na atmosfera a uma velocidade significativa.

Desde meados dos anos 80 que as preocupações com o crescente buraco na camada de ozono têm restringindo a produção de gases clorofluorcarbonetos (CFC).

Mas a origem dos novos gases ainda permanece um mistério, dizem os cientistas.

Localizada na atmosfera, entre 15 e 30 quilómetros acima da superfície da Terra, a camada de ozono tem um papel fundamental no bloqueio dos raios ultravioleta (UV), que podem causar cancro nos humanos e problemas reprodutivos nos animais.

NASA

Uma imagem da NASA mostra a camada de ozono

Uma imagem da NASA mostra a camada de ozono

Em 1985, cientistas do British Antarctic Survey, entidade responsável pelos assuntos relativos aos interesses do Reino Unido na Antártida, foram os primeiros a descobrir um enorme “buraco” na camada de ozono sobre o continente gelado.

As provas rapidamente apontaram como causa os gases CFC, que foram inventados na década de 1920 e amplamente utilizados na refrigeração e como propulsores em aerossóis de sprays e desodorizantes.

A generalidade das nações do Mundo concordaram rapidamente em restringir os CFCs, e o Protocolo de Montreal, de 1987, limitou o uso dessas substâncias.

A proibição internacional total sobre sua produção entrou em vigor em 2010.

Agora, pesquisadores da Universidade de East Anglia, em Londres, descobriram evidências de quatro novos gases que podem destruir o ozono e que estão a ser lançados na atmosfera a partir de fontes ainda não identificadas.

Três dos gases são CFCs e um é o hidroclorofluorocarboneto (HCFC), que também pode danificar o ozono.

“A nossa investigação identificou quatro gases que não existiam na atmosfera até à década de 1960, o que sugere que são produzidos pelo homem”, disse o líder da equipa de investigadores, Johannes Laube.

Os cientistas descobriram os gases analisando blocos de neve. Segundo eles, o ar extraído dessa neve é um “arquivo natural” do que estava na atmosfera há 100 anos atrás.

uea.ac.uk

Professor Johannes Laube, da Universidade de East Anglia

Professor Johannes Laube, da Universidade de East Anglia

Origem desconhecida

Os investigadores também analisaram amostras de ar recolhidas no Cabo Grim, uma região remota na ilha da Tasmânia, na Austrália.

Eles estimam que cerca de 74 mil toneladas desses gases foram libertados na atmosfera. Dois dos gases estão a acumular-se a uma velocidade significativa.

“Nós não sabemos de onde os novos gases estão a ser emitidos e isso deve ser investigado. Fontes possíveis incluem químicos para a produção de insecticidas e solventes para limpeza de componentes eletrónicos”, afirmou Laube.

“Além do mais, os três CFCs estão a ser destruídos muito lentamente na atmosfera – por isso, mesmo que as emissões parassem imediatamente, eles ainda permaneceriam na atmosfera por muitas décadas”, acrescentou.

Os quatro novos gases foram identificados como o CFC-112, CFC-112a, CFC-113a, e HCFC-133a.

O CFC-113a foi listado como um “agroquímico para produção de piretróides”, um tipo de insecticida que já foi usado largamente na agricultura.

Tal como o HCFC-133a, o CFC-113a é usado no fabrico de refrigeradores. O CFC-112 e 112a podem ter sido usados na produção de solventes de limpeza de componentes eléctricos.

Outros cientistas reconheceram que, embora as concentrações actuais desses gases sejam pequenas e não representem uma preocupação imediata, é necessário fazer uma investigação mais profunda para identificar sua origem.

“Este estudo destaca que a destruição do ozono ainda não é a história do passado”, diz Piers Forster, professor da Universidade de Leeds, no norte da Inglaterra. “As concentrações encontradas neste estudo são minúsculas. No entanto, lembra-nos que precisamos de estar vigilantes e vigiar continuamente a atmosfera”.

“Das quatro espécies identificadas, o CFC-113a parece ser o mais preocupante, já que a emissão, embora ainda pequena, cresce mais rapidamente”, acrescentou.

ZAP / BBC

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