Uma equipa de investigação da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, encontrou uma variação genética específica que pode proteger os diabéticos contra uma doença dos olhos que causa a cegueira.
A retinopatia é uma doença grave dos olhos que é comum na maioria dos diabéticos, provocando o crescimento e a proliferação anormal dos vasos sanguíneos nos olhos. O problema causa buracos em alguns desses vasos e o sangue flui para o olho, motivando a cegueira.
Mas cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Copenhaga encontraram uma variação genética que permite proteger os diabéticos contra essa deformação.
O estudo, publicado no jornal científico Graefe’s Archive for Clinical and Experimental Ophthalmology, acompanhou o progresso de 130 pessoas com diabetes de Tipo 1 durante 16 anos.
Os cientistas fotografaram os olhos dos pacientes em 1995 e em 2011 para verificar se a doença teria afectado a sua visão.
Em simultâneo estudaram o ADN dos envolvidos, analisando em particular 23 genes que já tinham sido identificados pela sua capacidade de influenciarem o desenvolvimento da doença. Foi assim que encontraram a tal variação genética.
Nenhum dos pacientes que apresentava uma variação genética específica no chamado gene CTSH mostrou sintomas da devastadora doença dos olhos.
O líder da investigação, o estudante de medicina Kristian Sandahl, nota que “o gene controla a morte celular efectiva das células beta, que produzem a insulina no pâncreas”.
“O gene também cria novos vasos sanguíneos”, diz Sandhal, citado pelo Science Nordic.
Face aos resultados obtidos, o professor clínico Henrik Bindesbøl Mortensen, da mesma Universidade, destaca os avanços que se podem conseguir no futuro.
“A longo curso, um melhor entendimento da doença ao nível molecular levará ao desenvolvimento de novos medicamentos para parar a doença, visando proteínas específicas no olho”, garante Mortensen.
Por seu turno, o professor e geneticista Allan Vaag, também da Universidade de Copenhaga, que estuda a diabetes há vários anos, considera que a descoberta é “excitante” e que “pode ser de grande importância clínica“.
Mas Vaag adverte também que os dados da investigação não são suficientes para que se possam tirar conclusões finais.
Mas o estudo de Sandahl poderá mesmo vir a revelar-se, a curto prazo, um dos maiores passos dados pela Medicina na história do combate à diabetes.
ZAP