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Cientistas descobriram como matar à fome as células de cancro

Kristina Schoonjans / EPFL

Imagem de células do fígado e da estrutura química da glutamina obtida em microscópio de fluorescência

Imagem de células do fígado e da estrutura química da glutamina obtida em microscópio de fluorescência

Uma equipa de investigação europeia conseguiu matar à fome células de cancro do fígado, através do bloqueio de uma proteína que é essencial para a proliferação da doença. Uma descoberta que abre a porta a novas formas de tratamento.

A pesquisa, realizada na Escola Politécnica Federal de Lausana, na Suíça, foi publicada no jornal científico Genes & Development.

Segundo os autores do estudo, o procedimento é baseado na ideia de que “vários tumores desenvolvem uma dependência da glutamina para apoiar a proliferação celular descontrolada” – ou seja, as células cancerosas alimentam-se de glutamina para se multiplicarem.

Os investigadores descobriram que uma proteína chamada “receptor de fígado homólogo 1” (LRH-1) é a responsável pela digestão da glutamina em pequenas moléculas, que são então avidamente consumidas pelas células hepáticas cancerosas.

O LRH-1 coordena “vários genes-chave que estão envolvidos no metabolismo da glutamina”, explicam os investigadores, constatando que este receptor “impulsiona o desenvolvimento de tumores no fígado ajudando as células cancerosas a converterem glutamina em moléculas que são directamente necessárias para a proliferação”.

Deste modo, “bloquear o LRH-1 leva as células do cancro a morrerem de fome e reduz consideravelmente o desenvolvimento de cancro do fígado em ratos, enquanto preserva células normais”, concluem os cientistas da EPFL.

“Encerrar esta via, inibindo o LRH-1, anula a utilização da glutamina como combustível e leva as células cancerosas a uma tremenda angústia metabólica“, explica à EurekAlert! o investigador Pan Xu, da Universidade de Maryland e autor principal do estudo.

Os cientistas ainda descobriram que bloquear a função deste receptor também funciona como uma protecção contra o desenvolvimento do cancro do fígado.

Estas conclusões abrem assim, a porta para novas formas de tratamento do cancro do fígado, podendo, nomeadamente, levar ao desenvolvimento de medicamentos eficazes contra a doença.

Esse passo já está em curso, havendo a expectativa de que a descoberta possa também ajudar a tratar outro tipo de cancros – nomeadamente do pâncreas e dos ovários, onde o receptor LRH-1 também existe.

SV, ZAP

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