Um grupo de investigadores da Universidade Vergata, em Roma, publicou um artigo no qual afirma ter descoberto os microrganismos que danificaram um valioso pergaminho do século XIII.
O documento, actualmente mantido no Arquivo Secreto do Vaticano, conta a história de um guerreiro italiano, Lorenzo da Fanella, também conhecido como Laurentius Loricatus, que a Santa Sé pretende canonizar.
Em 1205, Lorenzo da Fanella matou acidentalmente um homem e refugiou-se numa caverna, onde permaneceu durante 34 anos para expiar seus pecados. Em 1244, a história de Lorenzo da Fanella foi registada num pergaminho, que está agora a ser estudado, onde “foram encontrados micróbios marinhos“.
A descoberta de micróbios marinhos num documento escrito há 800 anos foi “absolutamente surpreendente”, confessou ao Gizmodo Luciana Migliore, investigadora da Universidade Vergata, em Roma, e autora principal do estudo.
Ao comparar pedaços deteriorados (que apresentavam uma coloração púrpura) e não deteriorados do pergaminho, a equipa de investigadores encontrou nada menos do que 957 tipos de bactérias nos primeiros, e 407 nos segundos. Nas 1224 espécies de bactérias identificadas, apenas 140 eram partilhadas entre as duas partes.
Surpreendentemente, a bactéria mais popular encontrada nas manchas púrpura foi identificada como sendo a Gammaproteobacteria – uma bactéria marinha que vive essencialmente em águas salgadas. E isso deu uma pista acerca da sua origem, e da froma como as extremidades do pergaminho se tinham deteriorado.
Segundo explica a cientista, durante muitos séculos, para evitar a sua decomposição, era acrescentado sal marinho à pele dos animais a partir da qual eram feitos os pergaminhos.
Porém, algumas halobactérias resistiram a este processo de conservação e mantiveram-se vivas no pergaminho ao longo de séculos. Como precisam de luz para crescer, as partes mais danificadas foram “as partes mais iluminadas do documento, ou seja, a primeira e a última parte do rolo, bem como as margens”, explica Migliore.
Segundo concluíram os cientistas, foi este processo, conjugado com a alta humidade do Castelo de Sant’Angelo de Roma, onde o texto foi encontrado no século XVIII, que causaram a deterioração e as manchas de cor púrpura que o pergaminho ostenta.
A descoberta desse processo de deterioração, que foi apresentada num artigo publicado esta quinta-feira na revista Scientific Reports, contribuirá para desenvolver melhores técnicas de restauração e permitira a conservação de outros pergaminhos antigos.
ZAP // Sputnik News / Gizmodo