Investigadores alemães e norte-americanos detetaram água gelada nas regiões do planeta-anão Ceres, que permanecem sempre obscuras, revela um estudo publicado na revista Nature Astronomy.
Ceres é o maior corpo celeste da cintura de asteroides do Sistema Solar e está localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter.
A presença de água em Ceres, mas sob a forma de vapor, foi detetada, pela primeira vez, desde a Terra, em 2014, e confirmada, em março de 2015, pela sonda norte-americana Dawn, na órbita do planeta-anão.
Desde então, os cientistas têm estudado as zonas de Ceres onde a luz do Sol nunca chega de modo direto, em busca de água (elemento fundamental para a vida tal como se conhece) em estado sólido.
Um grupo de investigadores, coordenado por Thomas Platz, do Instituto Max Planck, na Alemanha, analisou as imagens, captadas pela sonda, das crateras do planeta, na região do polo norte.
Segundo o estudo publicado na Nature, a equipa detetou mais de 600 crateras nas zonas em penumbra perpétua, das quais dez evidenciaram pontos brilhantes.
Um estudo espetroscópico – que identifica o tipo de moléculas num material a partir do seu espetro eletromagnético – confirmou que se trata de água gelada.
“Estamos interessados em entender como é que este gelo é que conseguiu durar tanto tempo. Pode ter vindo da crosta de Ceres rica em gelo, ou pode ter sido entregue a partir do espaço”, disse o co-autor do estudo, Norbert Schorghofer.
Em setembro, já tinha sido encontrado um vulcão gelado com metade da altura do Monte Evereste, na superfície do planeta anão.
A nave espacial Dawn permitiu à NASA concluir que a montanha Ahuna Mons foi habitada por “um dragão que soprava gelo, não fogo” e que se trata, na verdade, de um “vulcão de lama salgada”.
“O gelo em outros planetas é importante porque é um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos. Ao encontrar corpos que eram ricos em água no passado, podemos descobrir pistas sobre onde pode ter existido vida, no início do sistema solar”, disse a investigadora Carol Raymond.
A confirmação da presença de gelo em Ceres leva os cientistas a suporem que o processo pelo qual a água fica retida nas zonas sombrias dos corpos celestes, com atmosferas quase inexistentes, é comum no Sistema Solar.
ZAP / Lusa