Anna Kiesenhofer foi histórica para a Áustria nos Jogos Olímpicos. Mas Anniemiek van Vleuten também ficará na história de Tóquio 2020, por outro motivo.
A prova feminina de ciclismo de estrada poderá ser uma das mais comentadas e recordadas depois desta edição dos Jogos Olímpicos. Em Tóquio destacaram-se dois nomes: Anna Kiesenhofer, que conquistou a medalha de ouro, Anniemiek van Vleuten, que ficou com a medalha de our…de prata.
Kiesenhofer protagonizou um percurso raramente visto a este nível: logo nos primeiros metros da prova, a austríaca “saltou” do pelotão e iniciou uma fuga – que durou até ao fim. Primeiro, Kiesenhofer teve a companhia de quatro outras ciclistas: Omer Shapira, de Israel, Vera Looser (Namíbia), Carla Oberholzer (África do Sul) e Anna Plichter (Polónia).
No pelotão ninguém reagiu. E assim continuou durante dezenas de quilómetros, apesar da diferença entre as fugitivas e o pelotão ter ultrapassado os 10 minutos a certa altura. Só a 60 quilómetros do final, Vollering tentou perseguir o grupo da frente, mas não conseguiu; depois foi Anniemiek van Vleuten a sair do pelotão, com sucesso parcial.
No grupo da frente, depois de cerca de 100 quilómetros em conjunto, Kiesenhofer seguiu a solo na fuga. Looser e Oberholzer já tinham ficado para trás (depois desistiram) e, mais tarde, foi a vez de Shapira e Plichter também serem apanhadas pelo pelotão.
Mesmo com as pernas a falharem nos últimos quilómetros, a austríaca chegou isolada ao circuito Fuji Speedway, onde estava a meta. “Eu só queria chegar à meta. As minhas pernas estavam completamente vazias, nunca me tinha sentido tão vazia em toda a minha vida. Mal conseguia pedalar. A energia nas minhas pernas era zero”, confessou Kiesenhofer, depois da vitória.
A ciclista austríaca teve dificuldades em respirar, nos segundos seguintes à vitória, e deitou-se no chão, numa mistura de falta de ar com emoção, enquanto chorava e tentava respirar ao mesmo tempo.
Entretanto, faltava a luta pelas outras duas medalhas. Mais de um minuto depois da vencedora, a segunda ciclista a chegar à meta foi Annemiek van Vleuten – que celebrou…o ouro. A representante dos Países Baixos pensava que tinha sido a vencedora da prova (não há comunicações por rádio, neste evento, e van Vleuten pensou que já tinha alcançado todas as fugitivas).
“Não sabia. Eu estava errada. Não tivemos qualquer informação. Sim, pensei que tinha vencido. Estou arrasada por causa disso, é óbvio. Senti-me muito estúpida, ao início, mas depois vi que as outras também não sabiam quem tinha ganhado”, admitiu a antiga campeã mundial de estrada, que caiu a 65 quilómetros do fim, num choque com Emma Norsgaard, mas sem consequências graves.
A desilusão espalhou-se para as compatriotas de van Vleuten. A seleção dos Países Baixos, com Annemiek van Vleuten, Anna van der Breggen (campeã olímpica em 2016), Marianne Vos (campeã olímpica em 2012) e Demi Vollering tinha quatro favoritas ao primeiro lugar. Vai para casa “só” com uma medalha de prata. O bronze seguiu para Itália, para Elisa Longo Borghini.
Com esta vitória surpreendente, Anna Kiesenhofer protagonizou a primeira medalha de ouro olímpica para o ciclismo da Áustria desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos, em 1896.
Discurso de ódio anti-mulheres.
O BE que não veja o que a ZAP escreveu