Em muitos casos de pessoas nos cuidados paliativos, a sua respiração é acompanhada de um som gorgolejante, conhecido como o “chocalho da morte”. Apesar de poder perturbar quem o ouve, o som é um sinal de que a pessoa está relaxada e já está a perder a consciência.
Testemunhar a morte de um ente querido pode ser uma experiência profundamente emocional e perturbadora. Entre os muitos sinais de declínio do corpo está o “chocalho da morte”, um termo que pode evocar medo, mas que muitas vezes significa que a pessoa que está a morrer está num estado de repouso profundo e inconsciente.
Nos dias que antecedem a morte, os indivíduos têm frequentemente episódios prolongados de inconsciência, como refere a Cancer Research UK. O sono torna-se mais frequente e a consciência desvanece-se à medida que o corpo se aproxima dos seus momentos finais.
Paradoxalmente, alguns indivíduos podem experimentar lucidez terminal – uma súbita explosão de energia ou clareza. Este fenómeno tem sido observado em pessoas que recuperam brevemente a capacidade de falar ou mesmo de recordar memórias que se julgavam perdidas devido a doenças como a demência ou acidentes vasculares cerebrais, explica o IFLScience.
As alterações físicas também são comuns durante esta fase. Perda do controlo intestinal, alterações nos padrões respiratórios e o caraterístico chocalho da morte são alguns dos sinais de que o corpo está a desligar-se.
Este estertor da morte, em particular, é causado pela acumulação de muco e líquido na garganta e no peito, criando um som gorgolejante ou ruidoso durante a respiração. Apesar de ser angustiante para os espectadores, os especialistas sublinham que muitas vezes reflete uma inconsciência profunda e não desconforto.
A Dra. Kathryn Mannix, especialista em cuidados paliativos e autora do livro With The End In Mind: How to Live and Die Well, explica que este ruído indica relaxamento e não angústia. “O chocalho da morte é um ruído enervante… mas diz-me que esta pessoa está profundamente, profundamente inconsciente”, disse. O corpo está tão à vontade que os reflexos normais, como tossir ou engolir para limpar a garganta, já não estão ativos.
Apesar da sua explicação clínica, o chocalho da morte pode ser profundamente perturbador para os familiares. Um estudo de 2020 sublinhou que muitos familiares o consideravam stressante, tendo alguns descrito-o como “horrível”. Este impacto emocional suscitou pedidos de mais investigação sobre intervenções médicas para aliviar o som, reduzindo potencialmente o sofrimento dos entes queridos.