China vai expandir o território com túneis a ligar as suas polémicas ilhas artificiais

1

Exército Popular de Libertação da China

Yongshu, uma das ilhas artificiais construídas pelos chineses no Mar da China Meridional

O problema da sobrelotação das controversas ilhas artificiais chinesas no Mar do Sul da China poderá ser resolvido através de túneis, segundo uma equipa chinesa de engenharia oceânica que afirma ter desenvolvido um método de escavação para ultrapassar as limitações da areia macia dos corais.

Depois de uma rápida expansão da sua presença na contestada cadeia de recifes Spratly, iniciada há cerca de uma década, a China tem vindo a abrandar a construção nos últimos anos, numa tentativa de acalmar os nervos dos países vizinhos.

As ilhas artificiais têm um valor militar e económico significativo para a China, sendo que as três maiores — Meiji (ou Mischief), Yongshu e Zhubi — criam uma posição triangular de defesa contra as bases dos EUA nas Filipinas.

Mas, segundo um estudo liderado por Chen Xuguang, investigador da Universidade Oceânica da China, a crescente força económica e militar da China está a ultrapassar a capacidade das instalações destas ilhas, que estão a sentir efeitos de sobrelotação.

“À medida que as funções exigidas pelas ilhas ou recifes aumentam, mais pessoal é colocado nas ilhas e as instalações habitacionais enfrentam escassez“, afirmam os investigadores num artigo publicado em abril na revista da universidade.

A China transformou sete recifes nas Spratlys em ilhas artificiais como parte da sua estratégia de expansão, utilizando um processo único que extrai o coral do núcleo do recife, que é depois pulverizado e empilhado para criar um anel de terra artificial, metros acima do nível do mar.

Lindsey Burrows / Civilsdaily

Localização dos territórios em disputa no Mar da China Meridional

Segundo o South China Morning Post, as faixas de terra resultantes estão repletas de campos de aviação, povoações, plataformas de lançamento de mísseis e outras infra-estruturas.

A equipa de Chen propõe uma solução até agora considerada impossível para resolver o problema de sobrelotação destas ilhas artificiais: a construção de grandes túneis por baixo de cada ilha, o que reforçaria a posição da China na região sem provocar os seus vizinhos.

A relativa suavidade da camada subjacente de areia de coral significa que a escavação de túneis poderia facilmente causar infiltrações de água ou colapsos.

Além disso, os militares e o governo da China determinaram também que quaisquer obras de expansão não devem perturbar as operações diárias ou a estabilidade a longo prazo das estruturas de superfície existentes.

Chen e os seus colegas afirmam ter desenvolvido uma técnica de engenharia para ultrapassar estes problemas, que foi testada e provou ser eficaz em rigorosas experiências laboratoriais.

O método envolve a injeção de uma lama misturada com partículas finas de cimento no solo através de tubos verticais. Sob pressão, a mistura preenche os espaços entre os grãos de areia de coral, solidificando-se numa massa subterrânea dura como uma rocha assim que o cimento endurece.

Testes laboratoriais em escala reduzida confirmaram que os túneis podem ser escavados neste substrato artificial sem a intrusão de água do mar externa ou desastres secundários, como o afundamento do solo, disseram os investigadores.

De acordo com o estudo, os túneis poderiam ser construídos em várias camadas, proporcionando uma área utilizável maior do que a disponível acima do solo.

Um diagrama concetual mostra uma estrutura de duas camadas com o nível superior utilizado como área de habitação e de trabalho, enquanto a camada inferior é utilizada para armazenar armas, tais como grandes mísseis e veículos blindados.

Universidade Oceânica da China

Além do espaço adicional, este tipo de estrutura traria outras vantagens, uma vez que o Mar do Sul da China é frequentemente atingido por tufões e outras condições meteorológicas extremas que causam um stress significativo ao pessoal militar, afirmaram os investigadores.

“O túnel de recife da ilha tem uma boa estabilidade térmica e pode proporcionar condições de vida confortáveis para o pessoal da ilha, reduzindo os danos causados pelo mau tempo”, escreveu a equipa de Chen.

Os investigadores também observaram que um ambiente subterrâneo, longe das condições adversas da superfície, poderia prolongar a vida útil das instalações e do equipamento, bem como aumentar a sua fiabilidade.

“Todos os tipos de equipamento e instalações são confrontados com temperaturas elevadas, humidade elevada, nevoeiro salino elevado e forte radiação ultravioleta. Os problemas de corrosão são graves e a capacidade de apoio logístico está gravemente degradada”, afirmaram.

A taxa de avarias do equipamento eletrónico dos aviões estacionados em Hainan, a província insular no extremo sul da China, é 1,9 vezes superior à dos aviões estacionados em Shandong, província no leste da China, e o tempo de vida dos aparelhos de ar condicionado num ambiente marinho tropical é apenas um terço do normalmente esperado.

O documento inclui planos preliminares de construção para as três maiores ilhas, com as localizações aproximadas dos túneis assinaladas e sugestões para a sua utilização.

Os cientistas afirmam que as suas propostas são meramente orientadoras para os planeadores governamentais e militares — e não devem ser interpretadas como planos para quaisquer projectos de construção reais.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. Quem tem dinheiro…
    Certamente não irão fazer uma Ponte, uma ferrovia com bitola ibérica, um Aeroporto ou outra Sugadora de Investimento numa Zona Sismica, ao nivel da àgua do mar… enfim… como em Portugal!!! Por alguma razão, “já”não temos dinheiro… acabou a Mama deixada pelo Salazar!!!

    1
    1

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.