Chimpanzés vistos a usarem insetos para tratar feridas

Tobias Deschner / Ozouga Chimpanzee Project

Uma comunidade de chimpanzés do Parque Nacional de Loango, no oeste do Gabão, foi vista a pôr insetos nas feridas, aparentemente como uma espécie de automedicação.

Esta não seria a primeira vez que se viam evidências de animais a usarem plantas para curarem feridas. No entanto, é a primeira vez que cientistas vêm animais a fazê-lo com insetos, escreve a New Scientist.

Em novembro de 2019, Alessandra Mascaro viu e filmou uma chimpanzé chamada Suzee a cuidar do pé magoado da sua cria, Sia.

Até aqui tudo bem, não fosse Mascaro depois ter visto a Suzee a tirar algo da boca e a aplicá-lo na ferida aberta de Sia. Mais tarde, ao analisar as gravações, Mascaro reparou que a mãe tinha usado um inseto para esfregar na ferida.

“Testemunhamos algo realmente incrível”, disse Simone Pika, da equipa de investigação da Universidade de Osnabrück, na Alemanha.

Surpresos com o que tinha visto, os investigadores continuaram a observar a comunidade de chimpanzés até fevereiro do ano passado. Os cientistas identificaram o mesmo comportamento em 22 chimpanzés.

Em 19 desses casos, os chimpanzés pegavam num pequeno inseto voador e pressionavam-no entre os lábios, depois esfregavam-no nas suas próprias feridas expostas usando os lábios ou os dedos.

“O que me está a intrigar de momento é, quais espécies de insetos estão a usar? E eles entendem o que estão a fazer?”, questionou Pika.

“Podemos encontrar muitas substâncias incríveis em insetos que são antibióticas, antivirais, antibacterianas, antifúngicas. Podem ter um efeito calmante ou ajudar a diminuir a inflamação”, acrescentou a investigadora.

Os investigadores também sugerem que esta prática possa ter meramente um efeito placebo. Ou seja, os insetos podem não ter qualquer influência na cura do ferimento, além de um benefício psicológico.

Os investigadores também encontraram evidências de chimpanzés a cuidarem de outros, como o de Suzee e Sia, por exemplo. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revias científica Current Biology.

Daniel Costa, ZAP //

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