Cheias em Timor-Leste e na Indonésia fazem mais de uma centena de mortos

Farhana Asnap / World Bank

O número de mortos devido às chuvas em Timor-Leste e na Indonésia já ultrapassou uma centena. Mas as autoridades destacam que ainda há muitas pessoas desaparecidas.

Em Timor-Leste, o número de mortes aumentou de 28 para 34, segundo um balanço ainda provisório, com 13 na capital, 12 na zona de Manatuto, sete em Ainaro, um em Baucau (Baguia) e outro em Aileu, disse à agência Lusa fonte da Proteção Civil.

A mesma fonte assinalou que há várias pessoas dadas como desaparecidas, pelo que o balanço final ainda não está completo.

No caso de Díli, os dados preliminares referem que se registaram seis mortos em Comoro – uma das zonas mais afetadas devido à subida significativa do rio -, três em Beduku, três em Hera, no limite oriental da cidade, e um em Bebora.

As cheias em vários pontos do país provocaram milhares de deslocados, com muitas casas destruídas e danos avultados em infraestruturas, como pontes e estradas destruídas. Houve ainda danos significativos em várias escolas e outros edifícios públicos, com equipas no terreno a avaliar os estragos.

Só em Díli há já mais de 3500 pessoas alojadas temporariamente em 11 locais, para onde estão a ser canalizadas ajudas públicas, mas também o apoio de muitas empresas e cidadãos privados, com uma extensa onda de solidariedade que continua a ampliar-se.

Estão em curso várias campanhas de recolha de fundos no exterior para adquirir produtos em Timor-Leste e distribuir pelas famílias mais afetadas. Falta comida, água, outros bens essenciais e também material para que as pessoas possam começar a reconstruir as casas.

Muitos residentes portugueses em Díli, como noutros locais do país, estão envolvidos no apoio humanitário, participando voluntariamente a preparar alimentos quentes e a entrega de víveres em vários locais.

Esta terça-feira, o Ministério da Agricultura vai fazer uma distribuição adicional de comida, a juntar-se aos esforços já em curso desde domingo por parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, de várias embaixadas, do Ministério da Solidariedade Social e ainda do Ministério da Administração Estatal.

O primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, acompanhado do vice-primeiro ministro, José Reis, e do ministro das Obras Públicas, Salvador Soares, visitaram vários locais em Díli, onde as infraestruturas foram significativamente afetadas.

Há danos graves em estradas, derrocadas de terra e lama em vários pontos da capital, a queda de diques de ribeiras e ainda muita água em várias zonas da cidade, incluindo edifícios públicos.

O serviço de eletricidade tem sido intermitente em vários locais e há zonas da cidade que estão há mais de 24 horas sem luz, apesar de um esforço significativo da Eletricidade de Timor-Leste (EDTL) para se recuperar progressivamente o serviço.

O lixo acumula-se por toda a cidade, apesar de já ter sido efetuada alguma limpeza, com montes de terra e lama em vários locais, incluindo a Ponte de Santa Ana, a estrada ao lado da Ribeira Halilaran, o Largo de Lecidere e a zona de Taibessi.

São considerados locais de intervenção urgente várias pontes, incluindo a que liga à zona do Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) e as que cruzam a ribeira de Maloa, o Palácio Presidencial, e toda a zona ribeira do rio de Comoro, entre outros.

A Ribeira de Hudilaran, por exemplo, está praticamente tapada de terra, com danos na ponte do seminário menor de N.ª Senhora de Fátima, que está em risco de cair.

Na Indonésia, o Centro de Gestão de Catástrofes aumentou de 86 para 130 o número de óbitos devido às chuvas nas ilhas perto de Timor-Leste, como Flores e Sumbawa. Os socorristas tentam encontrar mais de 70 pessoas desaparecidas, por vezes utilizando pás para remover os destroços acumulados durante a tempestade.

As chuvas torrenciais dos últimos dias causaram inundações e deslizamentos de terras, por vezes arrastando casas. Mais de dez mil pessoas refugiaram-se em centros de acolhimento. Muitas casas, estradas e pontes foram cobertas com lama, e as árvores arrancadas, tornando difícil aos socorristas alcançar as áreas mais atingidas.

“Ainda é provável que vejamos condições meteorológicas extremas nos próximos dias” por causa do ciclone, disse a porta-voz da Agência de Gestão de Catástrofes da Indonésia, Raditya Jati. A tempestade está agora a dirigir-se para a costa ocidental da Austrália.

ZAP // Lusa

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