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Central elétrica nos EUA reutiliza os resíduos nucleares como combustível

Laboratório Nacional de Idaho

Central elétrica que reutiliza os resíduos nucleares como combustível.

Os resíduos nucleares armazenados no subsolo podem ser utilizados para gerar energia durante centenas de anos. E já existem empresas que afirmam ter a tecnologia para o fazer.

Jess Gehin, diretor do Laboratório Nacional de Idaho, um dos mais importantes laboratórios de investigação energética dos EUA, revela que há energia suficiente nos resíduos nucleares para alimentar o país durante os próximos 100 anos.

A tecnologia para aproveitar estes recursos existe há anos, mas tanto os governos como as empresas estão à procura de formas de a utilizar comercialmente.

Em entrevista à CNBC, Gehin explica que a frota nuclear dos EUA gera cerca de 2.000 toneladas de resíduos por ano, para além das 80.000 toneladas já armazenadas. Os 67 reatores nucleares em funcionamento são reatores de água leve e utilizam urânio-235 para alimentar a reação de fissão.

Ou seja, o núcleo da divisão do átomo gera uma grande quantidade de calor, capaz de aquecer a água e produzir um fluxo de vapor que os geradores depois convertem em eletricidade, segundo o El Confidencial.

“Em reatores de água leve, utilizamos 50% da energia do urânio que extraímos do solo”, realça Gehin. “Pode-se utilizar muita dessa energia ao reciclar o combustível com reatores rápidos. Os reatores rápidos não abrandam os neutrões libertados na reação de fissão e geram reações mais eficientes”, explica.

Desde os anos 50 que o Laboratório Nacional de Idaho nos EUA tem vindo a experimentar uma tecnologia capaz de utilizar estes resíduos para criar energia.

Estes são reatores de neutrões rápidos, um sistema que existe há décadas, mas que por razões económicas e políticas nunca foi desenvolvido comercialmente.

A nova paisagem energética, abalada pela invasão russa da Ucrânia e pelo abandono gradual dos combustíveis fósseis, levou ao surgimento de novas iniciativas interessadas em reavivá-las.

O próprio Departamento de Energia do governo dos EUA anunciou, em 2019, a criação do Versatile Test Reactor, um novo reator de neutrões rápidos de 300 MW para testes de alta potência, também planeado para ser instalado em Idaho.

No entanto, não recebeu financiamento governamental este ano, pelo que a sua construção está, por enquanto, paralisada.

O setor privado também está a investir neste projeto, enquanto empresas como a Oklo, TerraPower e o gigante da energia Westinghouse já estão a construir o seu próprio projeto. O grande problema é que os resíduos têm de passar por uma fase de reprocessamento antes de poderem ser utilizados.

O Laboratório Nacional de Idaho pode reprocessar combustível suficiente para investigação e desenvolvimento mas, segundo Gehin, apenas a Rússia e a França têm atualmente capacidade para o fazer à escala industrial.

Os reatores rápidos podem reduzir a quantidade de resíduos nucleares, mas infelizmente não o irão reduzir completamente.

No entanto, outras tecnologias, tais como as já utilizadas em países como França, Japão, Alemanha e Rússia, conseguiram reciclar o plutónio para gerar eletricidade.

“Haveria ainda resíduos que teriam de ser eliminados, mas a quantidade de resíduos de longa duração pode ser consideravelmente reduzida“, conclui Gehin.

ZAP //

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