Peça de porcelana chinesa surpreendeu, durante escavações no local do velho Convento de Santana, em Lisboa. O que faria lá?
Uma equipa de arqueólogos estava a realizar uma escavação, algo habitual na sua rotina; mas o que não encontraram é que não é nada habitual.
As escavações estavam a decorrer num poço, transformado em lixeira no local do velho Convento de Santana, um convento feminino – também conhecido por Mosteiro das Penitentes da Paixão de Cristo – em Lisboa.
E eis que os especialistas descobriram uma taça de porcelana chinesa com cinco cenas eróticas.
A revista National Geographic lembra que o erotismo é muito mais comum na arte chinesa seiscentista do que na puritana Europa; no “velho Continente”, estas cenas seriam logo reprimidas.
Mas a equipa encontrou estas peças de cerâmica, peças raras de porcelana chinesa azul e branca do final da dinastia Ming (1368-1644). E algumas delas quase intactas.
Os arqueólogos revelam no estudo que, apesar dessa raridade, as peças terão ido para o lixo naquela altura.
Eram cenas proibidas e também era uma questão de saúde pública, numa época em que havia muitas doenças contagiosas.
Destacou-se uma taça de porcelana, que veio da China para Portugal, que tem cinco cenas eróticas. Vemos figuras claramente orientais – e claramente a fazer sexo. E percebe-se claramente a sequência daquela “dinamização cultural”.
Mas como entrou num convento português, durante o século XVI ou XVII? De forma clandestina, acreditam os autores do estudo.
E o que faria aquela peça ali? Isso pode estar relacionado com uma curiosidade: naquela altura, havia muitas mulheres de classe alta nos conventos portugueses; e eram mulheres sem vocação para a vida monástica, que mesmo lá dentro prolongavam rotinas e privilégios da vida lá fora – e não recusavam certos prazeres físicos.
Uma taça de porcelana servia para imaginar, estimular.