Os movimentos independentistas vão este sábado tentar manter a maioria que têm há quase dez anos na região espanhola da Catalunha, em eleições para o parlamento regional onde é provável que o candidato socialista seja o mais votado.
A consulta eleitoral tem lugar num contexto de forte aumento dos casos de covid-19, depois da época do Natal, que ajudam ao aumento da abstenção, o que torna mais imprevisível o resultado final.
Os partidos separatistas, que estão no poder na Catalunha parecem bem colocados para manter a maioria, mas extremamente divididos e com um eleitorado desiludido com a tentativa falhada de independência da região em 2017, o que leva o candidato socialista a ter esperanças num bom resultado.
A grande aposta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, nas eleições regionais recaiu no ex-ministro da Saúde, Salvador Illa, à frente nas sondagens mas com possibilidades escassas de desalojar os independentistas do poder.
A maior parte das sondagens publicadas dão a vitória à lista do Partido Socialista da Catalunha (PSC, associado ao PSOE) ligeiramente à frente (21-22%) das duas principais formações independentistas que governam coligadas a comunidade autónoma: a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, 20-21%) e o Juntos pela Catalunha (JxC, 19-20%).
O PSC, com uma atitude conciliadora, vai beneficiar do voto útil dos eleitores constitucionalistas (pela unidade de Espanha), o que já tinha acontecido em 2017 com o Cidadãos (direita-liberal) que ganhou as eleições anteriores, mas não impediu uma maioria separatista no parlamento regional de mais de 68 votos num total de 135.
O Juntos pela Catalunha (direita), o partido do antigo presidente regional que agora está fugido na Bélgica, Carles Puigdemont, continua a defender o confronto com o Estado central e repetiu que pretende proclamar unilateralmente a independência, se ganhar as eleições.
Por seu lado, a Esquerda Republicana da Catalunha (socialista) defende o diálogo com Pedro Sánchez, sendo mesmo um seu aliado fundamental para este se manter no poder em Madrid.
No que foi uma decisão muito controversa, os eleitores portadores do vírus da covid-19 ou em quarentena terão o direito de votar das 18h às 19h, antes do fecho das urnas.
Os membros das mesas de voto vão ter equipamento de proteção completo para vestir nessa franja horária, tendo muitos deles tentado desvincular-se da obrigação de assegurar o funcionamento das mesas eleitorais.
Cerca de 31.000 dos 82.000 convocados para as mesas pediram para ficar isentos de se apresentarem, mas as autoridades não revelaram quantos pedidos aceitaram e asseguram que a realização do sufrágio não está em risco.
Se em 2017 eram apenas 2% os que afirmavam que não iriam votar, agora seriam 12%, de acordo com as sondagens, sendo esta percentagem maior do que a verificada antes das eleições galegas (4%) e bascas (8%) realizadas em julho do ano passado, já durante a pandemia de covid-19.
Um total de 14.200 agentes da polícia regional (Mossos d’Esquadra) e da polícia local da Catalunha estão destacados para assegurar a segurança nas 2.769 mesas de voto no domingo.
A Catalunha está situada no nordeste de Espanha e é uma das 17 comunidades autónomas do país, com um Governo e um parlamento regional, assim como uma polícia própria (Mossos d’Esquadra).
O executivo catalão, assim como o das outras comunidades autónomas, tem poderes importantes em áreas como a Educação e a Saúde, mas as outras principais áreas de governação estão nas mãos do Governo central: impostos, negócios estrangeiros, defesa, infraestruturas (portos, aeroportos e caminhos de ferro), entre outros.
A região tem cerca de 7,8 milhões de habitantes e é considerada a mais rica de Espanha, produzindo um quinto da riqueza do país e com um PIB anual superior ao de Portugal ou da Grécia.
// Lusa