Pacientes com cancro da mama podem não precisar de cirurgia

Algumas pacientes com cancro da mama podem não precisar de cirurgia para remover o seio, sugere um novo estudo.

Um novo relatório do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica revelou que 91% das pacientes foram operadas e 48% tiveram de fazer uma mastectomia total. Os resultados têm por base dados recolhidos em sete hospitais portugueses.

A cirurgia para retirar o tumor é considerada um passo extremamente importante no combate ao cancro, juntamente com medicamentos, radiação e tratamentos hormonais e imunoterapia.

Um novo estudo contraria esta abordagem convencional, sugerindo que a cirurgia nem sempre é necessária para todas as pacientes. Os ensaios clínicos ainda estão numa fase inicial, mas parecem mostrar que a quimioterapia sozinha foi suficiente para tratar mulheres com certos tipos de tumores, escreve o The New York Times.

Participaram no estudo 50 mulheres com mais de 40 anos de idade, com dois tipos de cancro da mama, cuja doença estava num estágio inicial. Todas foram submetidas a quimioterapia, que foi seguida de biopsias para controlar a reação dos tumores ao tratamento.

Das 50 mulheres, 31 delas responderam bem à quimioterapia e não precisaram de cirurgia. Os resultados do estudo foram publicados esta terça-feira na revista Lancet Oncology.

As pacientes continuaram a receber radiação e os teus tumores estavam em remissão após um período médio de acompanhamento de dois anos e dois meses.

A mastectomia tem vários efeitos colaterais, nomeadamente dor, inchaço na parte superior do braço, hematoma, limitação nos movimentos do braço ou do ombro, dormência na mama ou no braço e dor neuropática na parede torácica, axila e/ou braço.

“O cancro de mama é tão comum, e haverá sempre pessoas que preferem não fazer a cirurgia”, disse Henry Kuerer, autor principal do estudo e professor de oncologia cirúrgica da mama na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Os cientistas exploram uma nova abordagem ao cancro da mama, que procura individualizar o tratamento para um subtipo específico da doença, alcançando os mesmos resultados com menos intervenções.

“O que realmente aprecio no estudo é que dá o próximo passo e faz uma pergunta ousada: como pegamos em todos os avanços que fizemos em terapias mais específicas e personalizadas para o cancro e convertemos isso em redução do número e dos tipos de intervenções que qualquer paciente precisa de incorrer?”, disse Karen Knudsen, diretora executiva da American Cancer Society, que não participou no estudo.

Daniel Costa, ZAP //

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