Estudo controverso defende que o cancro é uma doença criada por humanos

Um polémico estudo defendeu que o cancro é uma doença causada pela alimentação e pela poluição dos dias de hoje, já que no passado não existia.

Os cancros do pulmão e colorretal são as principais causas de mortalidade por cancro em Portugal.

O consumo de álcool, ligeiramente superior à média da UE, o excesso de peso e a obesidade são os principais fatores de risco. A doença é uma das que mais mata no país.

Os teóricos da conspiração argumentam que o cancro é uma doença criada por humanos. Embora, na generalidade, a ciência esteja contra esta ideia, há um estudo que defende o mesmo.

Cientistas só encontraram um caso da doença em investigações de centenas de múmias egípcias, disse Rosalie David, da Universidade de Manchester, em Inglaterra, num comunicado citado pelo LiveScience.

A raridade do cancro nas múmias sugere que era raro na Antiguidade e “que os fatores causadores de cancro estão limitados às sociedades afetadas pela industrialização moderna”, sublinhou Michael Zimmerman, da Universidade de Villanova, na Pensilvânia.

“Numa sociedade antiga sem intervenção cirúrgica, a evidência de cancro deveria permanecer em todos os casos”.

A equipa de investigadores sugere que as provas de cancro em fósseis de animais, primatas não-humanos e humanos primitivos eram escassas, com algumas dezenas de exemplos incertos.

Ao analisarem a literatura antiga, não encontraram descrições de operações a cancros até ao século XVII, e os primeiros relatos na literatura científica de tumores distintos só ocorreram nos últimos 200 anos.

Uma das razões normalmente apontadas para o cancro não ser encontrado na antiguidade é a curta duração da vida dos indivíduos nessa altura, que impedia o desenvolvimento da doença. A maior parte dos cancros têm maior incidência e mortalidade nas faixas etárias mais elevadas.

Apesar de a esperança de vida no antigo Egito, estimada entre os 40 e 50 anos, ser muito inferior à atual, algumas pessoas no antigo Egito e Grécia, em particular nas classes mais altas e nobres, viveriam tempo suficiente para desenvolver tais doenças, sustentam os cientistas.

Os autores do estudo defendem, por isso, que o cancro é causado, em grande parte, por fatores ambientais, como a poluição e a alimentação. Os resultados foram publicados em 2010 na revista científica Nature Reviews Cancer.

“Nas sociedades industrializadas, o cancro é a segunda causa de morte, logo a seguir às doenças cardiovasculares, mas nos tempos antigos era extremamente raro”, disse a coautora Rosalie David, em comunicado. “Não há nada no ambiente natural que possa causar cancro”.

John Hawks, investigador da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, contra-argumenta que para ver cancros no registo esquelético de um fóssil “é preciso ter um tumor que afete o osso”.

Ainda assim, realça que os estilos de vida modernos podem certamente conduzir a taxas de cancro muito mais elevadas do que no passado, mas não necessariamente devido à poluição.

ZAP //

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