O Canadá vai pagar cerca de 960 milhões de euros a uma comunidade indígena no oeste do país, uma indemnização que conclui uma das mais importantes compensações territoriais pelo roubo de terras no início do século XX.
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, sublinhou na quinta-feira que este ato permite “corrigir uma injustiça do passado”. Citado pela agência Lusa, o governante falava durante uma cerimónia que decorreu em Alberta, nas terras da Nação Siksika, que é um dos mais de 600 povos nativos do Canadá.
Em 1910, o governo canadiano tinha confiscado quase metade de suas terras para vendê-las aos colonos, apesar da assinatura de um tratado trinta anos antes.
Segundo Trudeau, o Canadá agiu de “maneira indigna” com essa desapropriação, privando a comunidade da sua “terra agrícola produtiva e rica em minerais”.
“Embora este acordo não compense o passado, esperamos que leve a um futuro melhor e mais brilhante para esta geração e as que virão”, acrescentou Marc Miller, ministro das Relações Indígenas.
Já o chefe da Nação Siksika, Ouray Crowfoot, que usou um tradicional chapéu de penas, lembrou que o estilo de vida da comunidade “mudou e nunca mais será o mesmo”, embora tenha garantido que o seu povo pretende “seguir em frente”.
Ouray Crowfoot referiu que o seu povo está a testemunhar um renascimento da sua cultura, das suas tradições, mas também da sua língua Blackfoot, que agora é usada em sinais de trânsito locais, por exemplo.
“Somos um povo resiliente. Não estamos apenas a sobreviver, estamos a avançar para uma era de prosperidade”, assegurou.
Este acordo conclui um pedido da Nação Siksika, que remonta à década de 1960. Em novembro de 2021, negociadores de ambas as partes chegaram a um acordo, validado por votação da comunidade em dezembro.
Embora as relações entre Otava e as Primeiras Nações sejam definidas pelo “Indian Act”, um texto de 1876, nem todas as reivindicações de terras dos aborígenes foram estabelecidas no Canadá.