Em 2013 o haxixe foi a droga com maior número de apreensões, a heroína atingiu o preço mais baixo desde 2002 e a potência da canábis resina aumentou para os valores mais elevados desde 2005.
Estes dados, que refletem o mercado de oferta de drogas em 2013, constam do relatório anual “A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), divulgado esta quarta-feira.
De acordo com o documento, em 2013 o haxixe foi a substância com o maior número de apreensões (3.087), e o número de apreensões de cocaína (1.108) foi superior ao de heroína (792), mantendo a tendência de anos anteriores.
Seguiram-se as apreensões de canábis herbácea (764) e de ecstasy (80).
Foram ainda confiscadas outras substâncias em 2013, que o relatório destaca devido às quantidades apreendidas e à ausência ou raridade de registos de apreensões anteriores: estimulantes – como a efedrina, o metilfenidato e as metanfetaminas – e opiáceas – como a tebaína, a codeína, a morfina e o ópio.
Comparativamente ao ano anterior, houve um decréscimo no número de apreensões de várias drogas, mas no caso do haxixe e da canábis herbácea os valores mantêm-se ao nível dos últimos cinco anos, período com as apreensões mais elevados desde 2002.
Em contrapartida, as apreensões de heroína e de cocaína têm vindo a diminuir nos últimos anos, registando-se em 2013 os valores mais baixos respetivamente desde 2002 e 2005.
Quanto aos mercados de tráfico e de tráfico-consumo, os preços médios das drogas confiscadas em 2013 não apresentaram alterações relevantes face a 2012, com exceção da heroína que registou novamente uma descida, atingindo o valor mais baixo desde 2002.
Quanto ao grau de pureza das drogas apreendidas, o relatório salienta que a potência média da canábis, e em particular da canábis resina, tem vindo a aumentar nos últimos anos, atingindo em 2013 os valores médios mais elevados desde 2005.
Mais potência leva a mais pedidos de tratamento
O presidente do SICAD, João Goulão, já tinha revelado, durante a apresentação do relatório europeu sobre drogas, que estavam a aumentar os pedidos de ajuda nos centros de tratamento de toxicodependência por consumo de canábis, o que se devia ao aumento da potência da resina importada.
O Flash Eurobarometer realizado em 2014 entre os jovens europeus de 15-24 anos revelou que a canábis continua a ser a droga percecionada como de maior acessibilidade.
No entanto, entre os europeus, os portugueses eram os que tinham uma perceção de menor facilidade de acesso a esta droga, mas de maior facilidade de acesso à heroína e às novas substâncias psicoativas.
A evolução das perceções dos jovens portugueses entre 2011 e 2014 evidencia que aumentou ligeiramente a facilidade percebida de acesso à heroína, à cocaína e ao ecstasy.
De uma maneira geral, o predomínio crescente da canábis foi consolidado, a cocaína continua a ser a segunda droga com maior visibilidade e em 2013 constatou-se novamente uma diminuição da visibilidade da heroína, reforçando a quebra registada em 2011, indica o relatório.
/Lusa