O dinheiro seria parte de um esquema de corrupção com o Grupo Fortera, que seria favorecido na atribuição de projetos imobiliários.
O Ministério Público acusa o advogado João Lopes e o empresário Paulo Malafaia de envolvimento numa transação de corrupção no centro comercial NorteShopping, em Matosinhos.
Durante uma curta conversa de quatro minutos numa casa de banho, terá sido efetuada uma entrega de “luvas” no valor de 99 600 euros, destinadas a Patrocínio Azevedo, na época vice-presidente da Câmara de Gaia, refere a acusação da Operação Babel, que investiga suspeitas de corrupção. Este encontro foi captado pelas câmaras de vigilância do centro comercial, revela o Correio da Manhã.
Patrocínio Azevedo é suspeito de receber subornos para facilitar projetos imobiliários do Grupo Fortera, liderado por Elad Dror, com Paulo Malafaia também implicado. A Operação Babel aponta a existência de um esquema em que Azevedo teria recebido não apenas dinheiro, mas também três relógios de luxo como parte dos subornos, totalizando cerca de 125 mil euros em pagamentos ilícitos.
Esses subornos visavam influenciar decisões favoráveis aos interesses imobiliários do Grupo Fortera, especialmente o projeto ‘Skyline’, o edifício mais alto do país, avaliado em cerca de 300 milhões de euros.
A acusação inclui ainda escutas telefónicas comprometedoras. Numa das conversas, Paulo Malafaia e Elad Dror diziam que era preciso “adoçar a boca” ao vice-presidente da Câmara de Gaia.
Para além da entrega de dinheiro, Malafaia também terá comprado uma coluna de som para João Lopes. “Já está a bombar, top“, disse depois João Lopes por mensagem. “Agora a bombar o PIP”, respondeu Malafaia, referindo-se à aprovação do Pedido de Informação Prévia de uma obra.
O processo desencadeou a prisão preventiva de Azevedo e Malafaia em maio de 2023, enquanto Elad Dror foi libertado. No total, cinco pessoas foram detidas como resultado das investigações. A polícia efetuou ainda um teste com o Banco de Portugal para confirmar que o volume da bolsa vista nas imagens coincidia com o valor de 100 mil euros em notas de 100.
Esta investigação abriu também portas para outras investigações sobre corrupção em autarquias, incluindo a Câmara de Espinho, destacando uma rede complexa de favorecimentos e pressões para beneficiar certos grupos imobiliários.
Apesar das acusações, Azevedo garantiu que provaria a sua inocência, enquanto o Ministério Público continua a investigar a extensão da corrupção, que inclui ainda alegações de tentativas de influenciar decisões da Metro do Porto relacionadas com o desenvolvimento do projeto Riverside.
É realmente vergonhoso. Para reprovar projectos do cidadão comum, este senhor era célere. Mas para aprovar ilegalidades dos senhores do dinheiro já não havia problema. É o que eu digo, quem tem dinheiro pode tudo, inclusive corromper estes senhores das câmaras.
PS na maior