“Estilo de guerra síria”. Cafés que parecem ter sido bombardeados estão na moda na China

(dr)

Exemplo de um café com “estilo de guerra síria”.

Café e restaurantes que parecem saídos de uma cidade síria que acabou de ser bombardeada estão a ganhar popularidade entre influencers chineses.

Na China, as redes sociais dos influencers estão inundadas de fotografias em cafés e restaurantes decorados com um “estilo sírio”. Ao contrário do que possa pensar, estes espaços não estão decorados com as suas tradicionais e elegantes sedas nem têm um estilo arquitetónico com influências bizantinas e com tradições sírias e mesopotâmicas.

Pelo contrário, estes espaços parecem ter sido bombardeados, com paredes derrubadas e destroços no chão. A ideia é retratar um cenário de guerra, em que geralmente abundam tons de cinza, paredes de tijolos expostos e estruturas irregulares, escreve a VICE.

Ninguém parece saber de onde surgiu esta moda. O termo “estilo sírio” tem também sido usado para descrever algo que está partido, estragado ou com uma aparência pobre. A inesperada popularidade deste tipo de espaços comerciais tem sido alimentada pelo crescente clima de tensão e instabilidade vivido na Síria.

Wang Fei, dono de uma churrascaria em Jining, disse que rotulou o lugar como “estilo sírio” na rede social Douyin, o TikTok da China, porque poderia atrair clientes.

“Se eu lhe chamar ‘normcore’, ninguém vai saber o que é exatamente”, explicou o jovem de 21 anos à VICE. “Mas se eu chamar de ‘sírio’, as pessoas podem imaginar e até gostariam de dar uma olhada”.

O restaurante rapidamente ganhou popularidade na rede social e levou a que outros empresários contactassem Wang Fei para ajudá-los a imitar a ideia do espaço. Wang diz já ter ajudado outros oito negócios locais a adotar um estilo semelhante.

O restaurante tem uma “zona de churrasco de refugiados”, onde passa música triste. “Não te tornas viral a falar sobre como a comida é boa”, atirou o empreendedor chinês.

Como seria de esperar, nem todos são fãs deste estilo. Nas redes sociais, alguns utilizadores criticaram o termo “estilo de guerra síria” por capitalizar o sofrimento de outras pessoas. “Consegue imaginar alguma loja a dizer-se ter um ‘estilo de destroços de terremoto de Wenchuan’ ou ‘estilo de entulho de inundação de Zhengzhou’?”, escreve um cibernauta.

Grande parte do nordeste do país está sob o controlo de uma autoproclamada autoridade autónoma curda onde algumas áreas permanecem nas mãos de tropas leais ao Presidente sírio, Bashar al-Assad.

Para afastar as milícias curdas da sua fronteira, a Turquia invadiu uma parte do território sírio no norte, juntamente com fações sírias. Para enfrentar o avanço de Ancara, os curdos contaram com a ajuda das forças do regime de Damasco, apoiadas pela Rússia. Além disso, os EUA também apoiam o exército curdo no norte da Síria, explica a RTP.

Daniel Costa, ZAP //

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