Bullying surge cada vez mais em idades precoces

charmaineswart / Morguefile

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O fenómeno do bullying surge cada vez mais em idades precoces, manifestando-se até em grupos de crianças ainda no pré-escolar.

“Temos vindo a notar que cada vez mais estas situações acontecem em idades mais precoces, às vezes até já no pré-escolar podemos ter situações destas”, disse à agência Lusa a psicóloga Tânia Paias, que em 2010 lançou o Portal do Bullying e lança esta sexta-feira um livro sobre o tema do bullying, a agressão repetida contra colegas.

Tenho Medo de ir à Escola”, apresentado como um guia para pais e educadores, contém a experiência captada pela autora na prática clínica e no trabalho desenvolvido junto de escolas, onde tem realizado palestras.

A faixa etária mais atingida pelas agressões de pares é a dos 11 aos 13, apesar de haver frequentes situações em adolescentes de 15 anos.

“Temos de trabalhar muito a convivência nos jovens, que é ensinar-lhes a lidar com os outros”, defende a psicóloga, para quem é importante ensinar às vítimas que têm o poder de alterar a situação, de dizer “não”.

Desde o pré-escolar

No caso de crianças, o trabalho passa por jogos em que sejam estimuladas a lidar com as emoções e a perceber o que as suas atitudes provocam nos outros.

“Se estivermos a falar de crianças em idade pré-escolar é trabalhar muito as emoções, mostrar-lhes que certo tipo de emoções, o que dizemos, tem consequências no outro”, referiu.

O mesmo se passa ao nível do 1º Ciclo. Os técnicos estão particularmente atentos à transição entre ciclos, momento em que as crianças ficam mais fragilizadas.

“Sabemos que há uma maior vulnerabilidade entre ciclos, as crianças vão sentir-se mais desprotegidas e é importante que saibam pedir ajuda, pedir auxílio a alguém, não deixar que o outro faça coisas que ela não quer, ou seja, ensinar este jovem a não se subjugar à vontade do outro”, explica.

Como identificar casos

No livro, Tânia Paias sugere dicas para identificar os sinais problemáticos e perceber se a criança ou jovem é vítima ou agressor, tanto em situações de bullying como de ciberbullying (ofensas ou ameaças pela Internet).

“Sabemos que nesta idade é sempre o grupo de pares, às vezes os jovens fazem tudo para se manter naquele grupo, mas temos de trabalhar com eles no sentido de manterem a sua própria vontade e isto faz-se aos pouquinhos”, conta.

“Não será uma zanga entre colegas que se poderá conotar com bullying, não é uma brincadeira de mau gosto que fará com que estejamos perante o fenómeno, pois requer que haja premeditação e intimidação continuada (…) e sirva o propósito do outro”, explica-se no livro.

/Lusa

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