Duas famílias portuguesas participaram este sábado junto à residência do primeiro-ministro britânico no arranque de uma semana de protestos contra o que consideram ser o roubo das suas crianças pelos serviços sociais do Reino Unido.
José e Carla Pedro perderam a guarda dos cinco filhos em abril do ano passado por alegadamente maltratar o mais velho, o que ambos negam, e estão em risco de perder os dois mais novos, de três e cinco anos, para adoção.
“Temos uma reunião a 01 de agosto, mas tenho medo”, disse à agência Lusa a mãe, Carla Pedro, ao que o pai, José, emocionado, acrescenta: “Pode ser para dizer adeus”.
Na manifestação junto a Downing Street participava também uma outra portuguesa numa situação semelhante, que pediu para manter o anonimato por o seu processo continuar a correr na justiça.
Com 30 anos e a viver há seis no Reino Unido, perdeu a filha de cinco meses em maio após recorrer ao hospital em Southend on Sea, 70 quilómetros a este de Londres, por causa de uma queda de uma cadeira.
A suspeita de agressão na cabeça levou as autoridades a intervir, retirando a bebé à mãe, entretanto separada do pai inglês, e entregando-a a uma família de acolhimento.
Porém, nas visitas de duas horas, quatro dias por semana, a mãe sente que a filha a deseja, mas terá de recuperar a custódia nos tribunais.
“Há um sentimento muito grande de impotência”, confessou à Lusa.
Estes são apenas dois casos de vários relatados na pequena concentração que juntou cerca de 50 pessoas e que foi abafado por uma grande manifestação contra os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza.
David Jenkins, dirigente da SCOTUK – Stolen Children of the UK /Filhos Roubados do Reino Unido), estima que, ao todo, 100 mil crianças britânicas tenham sido retiradas aos pais pelos serviços sociais.
“A maioria são acusados de abusar emocionalmente as crianças, mas desta maneira elas ainda são mais abusadas porque são forçadas a viver com estranhos”, argumenta.
O objetivo deste protesto é tornar a situação mais visível: além de protestos diários durante o resto da semana, será organizado um bloqueio da auto-estrada M25 na quinta-feira e uma conferência na sexta-feira com mais ativistas.
“Precisamos que o primeiro-ministro David Cameron nos oiça e que mais deputados nos ajudem a nossa causa, porque só temos um em 600”, disse Stephanie Freeman, outra das dirigentes da ação.
/Lusa