A trabalhadora humanitária Nazanin Zaghari-Ratcliffe acusou na segunda-feira o Reino Unido e o Irão de a tratarem como um peão político.
Zaghari-Ratcliffe afirmou que Londres não devia ter demorado seis anos a assegurar a sua libertação da detenção em Teerão, segundo a Reuters.
Ao comparecer a uma conferência de imprensa no parlamento de Londres, a trabalhadora de 44 anos disse que seria sempre assombrada pelo seu tempo na prisão, mas que se ia esforçar para reconstruir a sua vida com a filha de 7 anos e o marido longe dos holofotes.
Nazanin Zaghari-Ratcliffe, de dupla nacionalidade britânica e iraniana, regressou do Irão a semana passada, onde foi detida durante seis anos, após ter sido condenada por conspiração para derrubar o governo, o que sempre negou.
Foi condenada a uma pena de prisão, cumpriu cinco anos de cadeia e passou depois a prisão domiciliária. Durante esse tempo, ficou em casa dos pais, em Teerão.
Regressou ao Reino Unido com Anoosheh Ashoori, também de dupla nacionalidade, depois de Londres ter resolvido aquilo a que chamou uma questão paralela — pagar a Teerão uma dívida de quase 480 milhões de euros, que remontava a 1979, pela compra de tanques militares que nunca foram entregues.
Foi dito a Zaghari-Ratcliffe, pouco depois de ser presa, que os iranianos queriam “algo dos britânicos”. A trabalhadora humanitária referiu que não conseguia compreender porque é que demorou seis anos e cinco secretários estrangeiros diferentes para resolver a situação.
“Quer dizer, quantos secretários estrangeiros são precisos para que alguém volte para casa? Cinco?”, perguntou Zaghari-Ratcliffe. “O que aconteceu agora já devia ter acontecido há seis anos”.
Um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson disse que todos os ministros dos negócios estrangeiros tinham trabalhado arduamente para garantir a sua libertação.
“O governo, incluindo o primeiro-ministro, estava empenhado em assegurar a libertação de Nazanin o mais rapidamente possível“, disse Boris aos jornalistas.