A saída do Reino Unido da União Europeia já custou mais de 150 mil milhões de euros à economia britânica, podendo o valor superar os 230 mil milhões até ao final do ano, de acordo com cálculos da Bloomberg.
“Uma investigação da Bloomberg Economics estima que o custo económico do Brexit já atingiu 130 mil milhões de libras [cerca de 151 mil milhões de euros], com mais 70 mil milhões [81,6 mil milhões de euros] prontos para serem adicionados no final deste ano”, indicou a agência de informação económica Bloomberg.
O estudo compara a evolução britânica com a dos seus pares no G7 (sete países mais industrializados do mundo) e estima que “a economia britânica está 3% mais pequena do que poderia estar caso a relação [com a União Europeia] se tivesse mantido”.
O economista da Bloomberg para o Reino Unido, Dan Hanson, estima o preço total do divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia em 200 mil milhões de libras esterlinas, cerca de 233 mil milhões de euros.
“Olhando para além de 2020, projetamos que o surto de crescimento este ano seja uma exceção – a economia será atingida no braço, mas o elevador cíclico que providencia [o crescimento] não vai durar”, afirmou o economista, citado pela agência.
Hanson considera que “é provável que o custo anual do Brexit vá aumentando“, à medida que “o Reino Unido assente a sua nova relação comercial com a União Europeia e lute contra os desafios de produtividade que têm perturbado o crescimento desde a crise financeira”.
O Parlamento britânico aprovou, na passada quinta-feira, na especialidade, a proposta de lei que regula o Acordo de Saída do Reino Unido da UE e abre o caminho para o Brexit a 31 de janeiro.
A votação por 330 votos a favor e 231 contra reflete a nova composição da Câmara dos Comuns, que desde as últimas eleições legislativas é dominada por uma maioria absoluta do Partido Conservador, que está no Governo e concorreu com a promessa de concretizar o processo até ao final deste mês.
A proposta de lei, designada por “Withdrawal Agreement Bill”, já tinha sido aprovada na generalidade no dia 20 de dezembro por 358 votos a favor e 234 contra.
O diploma segue agora para análise na Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento, mas não se espera que esta coloque obstáculos, embora possa introduzir emendas que terão de ser depois analisadas pelos deputados.
A etapa final será a promulgação pela Rainha Isabel II, restando a votação no Parlamento Europeu para o Acordo ser ratificado pela UE.
O Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia, que formaliza a saída do Reino Unido da UE, após 47 anos como membro, protege os direitos dos cidadãos europeus e britânicos, estipula uma compensação financeira do Reino Unido e inclui um protocolo para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
Inicia-se então um período de transição até 31 de dezembro de 2020, durante a qual os britânicos continuarão a aplicar e a beneficiar das regras europeias, mas sem estarem representados nas instituições europeias nem o direito de intervir nas suas decisões.
ZAP // Lusa