“Deixaram-no ir de encontro à morte”. Dúvidas na morte de um brasileiro nos incêndios em Portugal

José Coelho / LUSA

Carlos Eduardo Neves vivia no Portugal há 5 anos. Tentou tirar máquinas do fogo em Albergaria-a-Velha; morreu no local.

Os incêndios em Portugal mataram, em poucos dias, pelo menos 9 pessoas. Foi a fase mais dramática desde 2017.

Uma das vítimas era Carlos Eduardo Neves, brasileiro que vivia em Portugal há 5 anos.

Natural de Recife, aparecia nas redes sociais a dançar e em vídeos de humor. “Ele era muito alegre. Ninguém ficava triste ao seu lado”, lembra a irmã, na Globo.

“O sonho dele era gravar umas canções em Portugal e conseguir fazer espetáculos na área de comédia, que era aquilo no que ele era muito engraçado, muito bom”, continuou a irmã.

A irmã mora na Suíça e tentou viajar para Portugal de avião, quando soube da morte de Carlos Eduardo – que faleceu na segunda-feira passada. O fumo não deixou; veio de carro da Suíça para Portugal.

O brasileiro de 28 anos estava a trabalhar numa empresa de exploração florestal. Naquela segunda-feira negra, em Albergaria-a-Velha, foi chamado para tentar evitar que máquinas da empresa fossem apanhadas pelo fogo.

A namorada já sabia do perigo, logo ao início da manhã: “Por volta das 7h20 da manhã, ele enviou-me alguns vídeos, com o fogo já próximo das máquinas, de onde ele deveria ir trabalhar. Eu fiquei um bocado preocupada”.

Havia realmente motivo de preocupação: Carlos Eduardo não sobreviveu. O seu corpo foi encontrado junto à carrinha de caixa aberta que costumava utilizar para ir trabalhar.

Juliana Almeida, namorada, não se conforma: “Deixaram esta pessoa ir de encontro à morte, ao perigo. Não o protegeram. Deram a chave da carrinha e o deixaram ir”.

A empresa tinha autorização para tirar madeira na área onde ocorreu o incêndio. A Polícia Judiciária agora investiga se os funcionários foram forçados pelos patrões a ir até lá — algo que os responsáveis da empresa negam.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil já lamentou a morte de Carlos Eduardo Neves.

ZAP //

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