O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, rejeitou esta segunda-feira a ideia de convocar o Parlamento durante as férias, depois da divulgação de documentos alertando para a escassez de alimentos e outros bens no caso de um Brexit sem acordo.
O jornal Sunday Times divulgou no domingo o que afirma ser um estudo confidencial do executivo sobre as consequências mais prováveis de uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo e que refere um período de escassez de combustível, alimentos e medicamentos e o caos nos portos britânicos.
Segundo o relatório, uma saída abrupta pode levar à escassez de alimentos frescos e a perturbações “significativas” no fornecimento de medicamentos, que podem prolongar-se durante seis meses. É também possível que se verifique escassez de água, devido a possíveis interrupções na importação de químicos para o tratamento das águas.
O documento estima também que até 85% dos camiões que atravessam o Canal da Mancha “podem não estar preparados” para as formalidades das alfândegas francesas, o que provocaria longas filas que podem prolongar-se por dias e, consequentemente, graves perturbações no tráfego dos portos britânicos durante meses.
Cerca de 75% dos medicamentos chegam ao Reino Unido através do Canal da Mancha, o que “os torna particularmente vulneráveis a atrasos graves”.
Economistas previram há muito tais cenários, mas os defensores do Brexit têm rejeitado as previsões, consideradas alarmistas.
O gabinete do primeiro-ministro disse esta segunda-feira que o dossier publicado está “desatualizado” e que a Câmara dos Comuns voltará a reunir-se a 3 de setembro como previsto.
O oposicionista Partido Trabalhista, que está a tentar atrasar o Brexit e organizar um governo de união nacional, considerou o relatório como mais um sinal de que deve ser evitada uma saída sem acordo do bloco europeu.
Mais de 100 deputados britânicos pediram ao primeiro-ministro Boris Johnson, numa carta divulgada no domingo, para convocar imediatamente o Parlamento e voltar a debater o Brexit.
Boris Johnson está determinado na saída efetiva do Reino Unido da UE a 31 de outubro, mesmo que não consiga renegociar o acordo concluído entre a ex-primeira-ministra britânica Theresa May e Bruxelas.
ZAP // Lusa