Bolsonaro rompe silêncio e não concede derrota (mas autoriza transição)

1

Joédson Alves / EPA

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro

Na sua primeira intervenção após a segunda volta das eleições, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não menciona a vitória de Lula e condena os bloqueios de estradas, mas abre janelas a novas manifestações.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, agradeceu hoje ao seus eleitores, pediu aos apoiantes que parem as manifestações e não cumprimentou Lula da Silva, vencedor das eleições de domingo.

“Quero começar por agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30”, disse o Presidente, dois dias depois da sua derrota nas presidenciais, naquela que foi a sua primeria declaração pública, onde nunca reconheceu a derrota.

“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, frisou.

Depois de se ter mantido em silêncio durante quase 48 horas após as eleições, Bolsonaro evitou reconhecer explicitamente a vitória do seu rival Lula da Silva.

Por outro lado, num sinal de aparente falta de força para uma eventual contestação dos resultados, autorizou o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, a iniciar o processo de transição da presidência.

Num discurso de pouco mais de dois minutos cheio de ambiguidades, Bolsonaro evitou contestar diretamente das urnas eletrónicas, em contraste com declarações anteriores, mas mencionou vagamente “injustiças” no sistema eleitoral.

O ainda presidente do Brasil desautoriza os bloqueios de estradas organizados pelos seus apoiantes, mas diz que “manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas“, deixando em aberto para novos protestos.

“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, diz Bolsonaro.

“As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas”, acrescenta, “mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de património e cerceamento do direito de ir e vir”, disse, ao lado de alguns aliados no Palácio do Planalto.

Legalmente, Bolsonaro não é obrigado a enviar uma mensagem de parabéns a Lula ou a abordar a derrota, mas a falta de posicionamento direto do presidente sobre o desfecho do pleito contrasta com candidatos derrotados no passado.

O silêncio de Jair Bolsonaro nos últimos dois dias também foi encarado como uma luz verde para os bloqueios de estradas organizados pelos seus apoiantes.

No discurso, o presidente brasileiro diz que sempre jogou “nas quatro linhas da Constituição” – uma expressão que o presidente usou repetidas vezes nos últimos anos – e que “enquanto presidente da República e cidadão” continuará “a cumprir todos os mandamentos” da Constituição.

Bolsonaro agradeceu os 58 milhões de votos que recebeu no último domingo, e, referindo-se à eleição de membros da estrema direita para o Congresso na primeira volta, considera que uma “direita de verdade” surgiu no país.

Apesar do discurso ambíguo, Bolsonaro autorizou o ministro ministro-chefe da Casa Civil a iniciar o processo de transição da presidência. “O presidente Jair Bolsonaro autorizou-me. Quando for provocado, com base na lei, iniciaremos o processo de transição”, disse Ciro Nogueira, no Palácio da Alvorada.

“A presidente do PT, segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país”, concluiu Ciro Nogueira.

Bolsonaro foi derrotado no último domingo por uma frente ampla que se organizou em torno do seu rival Lula da Silva, que conquistou 50,90% dos votos, contra 49,10% do atual presidente.

Com a derrota, Bolsonaro tornou-se o primeiro presidente no poder a perder a reeleição desde que o mecanismo começou a ser aplicado em 1998.

ZAP // Deutsch Welle / Lusa

1 Comment

  1. Se Lula tem que se lhe diga , esta asquerosa personagem é muito pior , ainda não aprendeu que se referir ao Deus que tanto cita , para dizer as baboseiras que diz é pecado ! …. mas isso é proprio dos Integristas de Seitas ! …. Lobos disfarçados com peles de Cordeiros !

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.